O despertar é suave. A noite não foi inteiramente bem dormida, mas venceu a quantidade. Quatro minutos antes da oito previstas o meu corpo e alma decidem que chega de dormir para já.

A luz lá fora está perfeita, digo ao Minervino que vou fotografar um pouco e saio para Bolama. De facto estas são as melhores imagens que recolho. Rapidamente percorro as principais ruas e revejo os pontos mais importantes. Boas imagens! Vejo o seminarista Maciel e provavelmente algumas pessoas da véspera mas que não reconheço.

Reencontro o Minervino e logo aparece o Zé que vem ver como estamos. Vamos juntos verificar a situação da maré e do barco. Grande actividade que para ali vai, com muito povo junto à embarcação. Pagamos logo os bilhetes. Surpresa, surpresa, o conceito de bilhete para estrangeiro já chegou à Guiné-Bissau. 3500 CFA para nacionais, 5300 CFA para os outros.

Pago também os 4000 CFA do quarto.  Vamos para dentro do barco, onde reparo numa portuguesa. Lá para baixo, no convés de passageiros, vai outro branco que tinha o quarto ao lado do meu, provavelmente um francês.

Desta vez a viagem é muito mais agradável. Há algum espaço, muita animação, boa atmosfera. Sopra uma brisa agradável e apesar do sol der despontado, a maioria do tempo vou estar à sombra. Logo o Minervino faz novos amigos e eu também. Uma senhora oferece-me vinho de cajú e compro uns fritos que são como bolas de Berlim sem creme em miniatura e que custam 100 CFA cada quatro. Ou seja, 0,15 Euros cada quatro. Depois mando reservar mais quatro para trazer comigo.

A minha amiga é educadora de infância em Bafatá. O Minervino vai falando com um tipo do mundo do teatro. A vendedora de fritos senta-se ali por perto. Vamos todos na proa.

Bolama demora muito a desaparecer no horizonte e não vai demorar muito para a linha de céu de Bissau surgir, bem lá longe. A referência visual ajuda ao passar do tempo.  Para melhorar a boa viagem fomos encostar ao porto de Bissau e não ao pontão de onde se saiu na véspera. Desta vez há um portaló e por mero acaso sou o terceiro passageiro a sair porque estava no local onde a prancha encaixa.

E pronto, em terra firme. É Domingo. Bissau dorme. Está quase tudo fechado, o calor é intenso.Despeço-me do Minervino, vou ao meu café do costume, que está encerrado. Descubro outro o Doce Bissau, português, cheio de portugueses de velha escola. Despacho ali duas cervejas, mas o dono quer encerrar, ao Domingo fecha-se às 13 horas.

Passo para o já conhecido Porto, onde trabalho um pouco enquanto despejo Minis e como uma boa fatia de pudim.

Agora tenho que comer. Vou repetir o libanês e mais um húmus regado com uma Fanta de laranja. Cheio o estômago com o reforço dos fritos que comprei no barco ando umas cententas de metros para o local onde posso apanhar o toca-toca para São Paulo, compro quatro bananas a umas meninas, deixo cair a câmara fotográfica de dentro da mochila para o chão, um belo tombo que felizmente só me valeu um pára-sol destruído.

Logo apanho o toca-toca e faço a viagem sempre divertida até São Paulo. É a primeira vez que venho para casa sozinho, é simples, encontro o caminho certo, por entre as casas.

 

 

O Minervino estava a descansar. Pouco depois aparecem os camaradas do Partido que vêm para uma reunião à porta de casa. Converso um pouco com o primeiro que chega e depois venho para dentro para os deixar tratar dos seus assuntos.

Um final de tarde e início de noite de preguiça. Chego até a passar pelas brasas. Ao serão os trabalhos do Partido prosseguem, já não aqui, e fico sozinho. Escrevo e leio, descanso.  

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