O dia começou em Bogotá mas acabaria bem longe, na Cidade do Panamá. É tempo de regressar, de iniciar o caminho de volta a casa.

O pequeno-almoço foi tomado no hostel, um repasto simples, incluindo no preço da dormida. Aos meus pés o bonito pastor alemão da casa, sossegado, dormitando. A mochila já está pronta e depois de ouvir as indicações dos proprietários sobre a forma de chegar ao aeroporto saio para a rua.

É Domingo, a manhã está relativamente fria, o céu azul. As ruas estão calmas, há pouca gente por ali a estas horas.

Tive que andar um bocado, até alcançar a paragem do Metrobus, o nome dado a um interessante sistema de transportes públicos implantados na Colômbia. É assim como que uma combinação entre autocarros, metro de superfície e eléctricos, um descendente dos velhinhos trolleys.

As paragens parecem estações de metro. E nesta as coisas correram mal. Levava o dinheiro à conta. Uma moeda para comprar o bilhete. Afinal ia embora da Colômbia e não precisaria de mais. Sucede que a máquina de venda de bilhetes decidiu embirrar com a minha moeda. Nada de bilhete. Agora imaginem o Ricardo, com aspecto de sem-abrigo, a pedir em castelhano esfarrapado às pessoas que passavam que lhe comprassem um bilhete. Ah mas não se riam demasiado porque não foi preciso esperar muito. A segunda pessoa, uma jovem, deu-me logo um bilhete e eu dei-lhe a minha moeda, que por acaso dava para comprar quatro bilhetes. Se a máquina a aceitasse. Foi um bom negócio para todos, mas ela ficou um bocado baralhada com a generosidade.. pensava que estava a oferecer um bilhete e afinal acabou por ser oferecida um valor equivalente a quatro bilhetes. Nem quis aceitar mas lá ficou com a moedita assombrada.

A viagem é rápida e agradável. Passo pelos bairros nobres de Bogotá, ou melhor, junto a eles. São áreas muito recomendadas para se ficar alojado mas não é bem a minha cena. Aqui há grande qualidade de vida, grandes restaurantes, uma vida nocturna intensa… mas são bairros muito limpinhos e modernos. Seja como for, pelas avenidas largas por onde passa o meu metrobus a lei de fim-de-semana impera: pavimento sem carros, entregue aos cidadãos que usufruem do espaço. Muita gente a correr, a passear, a andar de bicicleta.

É preciso mudar de metrobus uma vez, pacífico, com a ajuda do simpático segurança da estação. E o aeroporto. Bogotá. Aquele aeroporto que tantas vezes vi na televisão, na série sobre a seurança do El Dorado, como se chama aqui o aeroporto.Mas para mim foi sereno e logo estava no ar, a caminho da Cidade do Panamá.

Na Cidade do Panamá tive que fazer algum tempo até ao meu anfitrião chegar a casa. Foi um reviver dos dias muito felizes de há dois meses atrás, quando aqui cheguei, faminto por viagem. Desta cidade guardo as mais doces memórias, e nem sei porquê. Foram dias simplesmente agradáveis, sem nada de bombástico, mas de muita harmonia e bem-estar.

Assim, procurei condensar tudo o que tinha gostado… andei pelo Passeio Marítimo, igual a si mesmo, cheio de gente a usufruir de tempo de lazer. Comi um “raspado”, aquele gelo raspado coberto com leite condensado e xarope com sabor a fruta. E, por fim, depois de muito calcorrear com um sorriso parvo na cara, fui para casa.

Passei o serão à conversa com o meu amigo. Foi a última noite da viagem. No dia seguinte teria ainda tempo para um pequeno passeio e depois… aeroporto… para Portugal.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui