O primeiro dia inteiro no Omã foi dedicado inteiramente a Muscat e revelou-se um fiasco, um tom que mais coisa menos coisa se manteve durante a viagem pelo país.

O nosso amigo saiu para o trabalho, nós ficámos um pouco mais nos afazeres online. Muscat é uma cidade onde os transportes públicos são pobres e tudo se passa com o auxílio de táxis, uma solução de transporte que me causa grande desconforto e que tento arduamente evitar.

Assim, só para para aquecer, decidi começar por visitar a Grande Mesquita do Sultão Qaboos, ali mesmo ao lado, a cerca de 2,5 km de casa, onde se podia portanto ir a pé. O passeio não tinha nada de agradável, junto a uma intensa via rodoviária de muitas faixas de rodagem, com um barulho constante. O zumbir dos carros foi de resto parte do dia, sem parar, até ao regresso a casa. Mas já lá vamos… para já, a pé até à mesquita.

Lá estava ela. Imponente, claro. É a única mesquita no país onde os não muçulmanos podem entrar. Andei um pouco pela monumental zona central, ainda do lado de fora, tirando algumas imagens, de detalhes arquitectónicos e dos jardins envolventes. E agora, vamos ao prato principal. Pensava eu. Logo um guarda me diz: “Finish”. Pois. Encerra às 11 horas e são 11 e dez minutos. 5 km de caminhada para quase nada.

Já me apetece é retirar para casa e aproveitar o dia para adiantar trabalho, mas estava escrito que as coisas não seriam assim. Depois de algumas tentativas em negociar uma corrida de táxis partilhada para Mutrah, o centro histórico de Muscat, todas goradas, falámos com um jovem taxista que concordou em nos levar por um preço muito razoável: 2 Rials, ou seja 5 Eur, o que não é nada mau considerando que a distância é de uns 12 km.

O moço era da zona do deserto, tinha-se mudado para Omã há dois anos e trabalhava com o táxi do tio. Foi indicando pontos de interesse aqui e acolá, falou-nos de um festival e tal como combinado deixou-nos lá em Mutrah.

O local desagradou-me logo, senti-lhe uma esterilidade notável. No porto alguns navios de cruzeiro contribuíam para a multidão de turistas que enchiam umas quantas esplanadas naquela marginal. É por ali que andam os aldrabas do costume, falinhas mansas, abordando turistas macios, em busca de ganho fácil.

Andámos por ali, entrando no souk, onde trocámos dinheiro numa casa de câmbio onde um senhor de aspecto respeitável e grande simpatia nos atendeu e que se recomenda… fica pouco depois de se entrar no souk, indicado por uma grande placa Money Exchange que nos aponta na direção certa.

Ainda fomos por umas ruazinhas que pareciam prometedoras mas invariavelmente levavam a nada ou à avenida marginal.

Decidimos seguir a pé para a zona seguinte, onde se ergue o palácio do sultão. Ao passeio chama-se “a cornicha” e não lhe encontrei nenhum atractivo. Os carros passam sem pausa, sempre o barulho, nos ouvidos, e nada de especial para ver, apenas o mar, igual a qualquer outro mar, a estrada e o mar. São alguns quilómetros daquilo e depois chega-se e não há de novo nada. Uma volta rápida e regressar pelo mesmo caminho e basicamente assim se enche um dia com nada, que é o que Muscat se me afigura: um imenso nada, a evitar, que não deixa nem saudade bem boas recordações, para numa mais regressar.

De novo no ponto de origem, é negociar com os taxistas um justo valor de regresso. Custou mas conseguiu-se uma corrida por 3 Rials, de um condutor idoso de olhar doce e longas pestanas, que cumpriu com profissionalismo e nos deixou perto de casa num instante.

Parámos no Costa Caffe que existe no edifício do Majeed, para uma Coca-Cola e um pouco de ocidentalidade.

O Majeed já estava quando abrimos a porta do apartamento e conforme prometido levou-nos ao aeroporto onde fomos levantar o carro. Apesar de me ter sido escrito por e-mail que seria necessária a licença de condução internacional, não foi. Obrigado Jan, por me teres feito gastar desnecessariamente 30 Eur e um par de horas preciosas nas vésperas da viagem. O carro de caixa manual que eu tinha reservado não existia. Apenas um de mudanças automáticas, algo que nunca tinha experimentado e que apesar de me ter habituado rapidamente nunca consegui gostar.

Depois de umas quantas voltas ao parque de estacionamento para me acostumar à falta de uma embraiagem, lá fomos, à descoberta do Carrefour. Era preciso encher a bagageira com mantimentos para quase uma semana a acampar no Omã e também eram necessários colchões para ajudar a enfrentar o solo rochoso da paisagem desértica do país.

Chegámos a casa já um pouco tarde e repetiu-se a cena da véspera: um serão muito agradável na companhia do Majeed e das Heineken bem geladas. Desta vez com a visita da Mariam, uma amiga omani do anfitrião.

 

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