Sem a desejada cama no comboio nocturno, teríamos mesmo que seguir para Colombo de autocarro. Na realidade, seriam apenas seis horas, menos do que pensava e nada que não tivéssemos já feito no decorrer desta viagem. Foi portanto uma preocupação que se dissipou, apenas perdida a vantagem de poupar umas horas que poderiam ser aplicadas de outra forma.

Mas afinal, viagens de autocarro têm-se revelado excelentes investimentos, proporcionando retornos interessantes em vivências e vistas.

Acordei muito cedo, literalmente com o sol. Este acabava de se levantar, no mar, e já no areal pescadores puxavam redes. Passei as duas horas seguintes a observar e a fotografar a faina, à medida que o dia se instalava e a temperatura subia.

 

Aproveitámos o Dyke’s Rest até ao fim, até às 11 horas, hora de checkout. E depois, adeus Trinco, obrigado por tudo, pelos grandes momentos, pelas surpresas, pela felicidade. Uma paragem no padeiro para comprar os bolos e iniciar a caminhada até à estação de autocarros em busca de uma partida para Colombo.

Mas até na hora da despedida Trinco foi generosa, apresentando-nos um autocarro com um letreiro “Colombo”, parado à beira da estrada, mesmo à nossa frente. Não foi afinal precisa a marcha até à estação de autocarros. Fomos subindo, enquanto o condutor e os “engenheiros” de bordo acabavam de fixar o retrovisor exterior que com certeza ameaçava desprender-se.

Uma longa viagem, com momentos interessantes, sempre com muito calor, feita no pico do sol. Finalmente em Colombo. Final de tarde, temperatura agradável. Decidimos ir andando, a ver como corriam as coisas. Eram uns 3 km até ao hostel reservado, e o plano era apanhar um tuk-tuk, mas depois da viagem no autocarro até que sabia bem esticar as pernas, e estávamos a gostar tanto de Colombo como no dia em que aqui chegámos.

Fomos vendo algumas referências marcadas no trabalho de casa. O farol, as casas dos tempos coloniais. Vimos uma patrulha da polícia montada que orientava o trânsito. Passámos junto ao centro governamental e aos edifícios mais imponentes da capital, chegando ao mar.

Mas o que me encheu as medidas foi o Galle Face Green, um troço junto à água onde se montam barraquinhas de comes e bebes e onde o ambiente ao fim da tarde é extraordinário. Não tenho dúvidas: é o melhor de Colombo, e só é pena que aconteça num período de tempo tão reduzido. Gostava de ter parado o relógio naquele momento, pelo menos por algum tempo, para poder fotografar e sentir aquilo. Mas o sol já ia baixo, o poente aproximava-se e ainda faltava um bom bocado para chegar ao destino. Que pena, que pena!

 

 

Mais à frente, outro momento marcante. Uma estação de comboios. A multidão que regressa a casa acumula-se na plataforma. Vão chegando mais pessoas, vêm de todo o lado, a pé, de autocarro. O comboio aproxima-se, já vem cheio. A luz é mágica, tudo alaranjado. Os passageiros agarram-se como podem à composição, que segue viagem com homens pendurados por todo o lado.

Naquela área há supermercados e restaurantes que prometeriam se ficássemos mais tempo pela cidade. Esta deve ser mesmo a melhor hora de Colombo, por volta do pôr-do-sol. Acho que é quando as pessoas estão mais activas, preenchendo o tempo entre o trabalho e o regresso a casa da melhor forma, porque de resto é quando o clima é mais amigo. Durante o dia o calor é terrível, mas aquela hora está-se mesmo bem.

Chegamos ao hostel, que é um senhor hostel, diria, um hostel de luxo, que já vi alguns assim. Todas as condições que o viajante pode desejar… o edifício é como que uma vivenda de luxo convertida em hostel. Boas instalações. De início era o dormitório todo por nossa conta mas outros viajantes foram chegando, aos poucos, e acabou por ser casa cheia. Cheia de boa gente, respeitadora, com quem deu para ter algumas conversas. Em poucas horas já havia um certo sentido de equipa.

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