Um dia sem história tal como planeado. De passagem por Budapeste e nada mais do que isso. A TAP deixou-me no aeroporto às 4:30 da madrugada. Ideia peregrina, esta de fazer voos nocturnas na Europa. Não me posso queixar, comprei bilhete não foi? Pois, mas comprei porque não tinha outra hipótese, e a julgar pelo vazio do Airbus há pouca gente disposta a esta fantasia da TAP. Ainda bem para mim. Parecia estar condenado a ir sentado na coxia, hirto como exige essa posição ingrata, e afinal ainda não tínhamos descolado e já estava duas filas atrás, com três cadeiras só para mim.

Entre as 4:30 e as 7:30 não fiz nada. Vegetei. Sentado nuns bancos confortáveis na zona de recolha de bagagem, intrigado para onde terá ido toda a gente que vinha comigo no avião, e que parecia maioritariamente composta por turistas portuguesas de visita a Budapeste.

Às 7:30 decidi que estava na altura de começar o dia, mas estava nas lonas, mal conseguia pensar e mexer-me também não era fácil. A primeira tarefa era arranjar alguns florins. Já tinha lido que as taxas de câmbio no aeroporto são uma roubalheira, mas nunca pensei que o fossem de tamanha dimensão. Quando às 8:00 o balcão abriu fui lá e perguntei quanto valiam 20 Euros. 5 mil Florins. Obrigadinho. Agradeci assim e virei as costas. O valor normal, que mais tarde retirei de uma caixa Multibanco com o meu Revolut, seriam 6 mil e quinhentos Florins.

Missão seguinte: comprar bilhetes para os transportes públicos, o que pode ser feito mesmo ali, nas chegadas, e pagando com cartão. Portanto, dois bilhetes para o autocarro do aeroporto, que tem um preço mais elevado (900 Florins), e quatro bilhetes normais, dois para ir e vir do hostel de e para o aeroporto e os outros dois para o que me apetecesse.

Portugal nos monitores do aeroporto de Budapeste

Tarefa concluída foi só entrar no autocarro 100E que esperava na paragem ali defronte e seguir viagem para o centro, mudando em Astoria para um autocarro que me trouxe até 400 metros do Green Garden Hostel, um pouco afastado do centro.

Adorei o hostel. Cumpriu o que havia prometido. Um local calmo, ideal para o que eu pretendia, um sítio para descansar e trabalhar durante umas 36 horas. Só queria algo por perto para comer e levantar o necessário dinheiro.

Este hostel está estabelecido numa casa que imagino seja para aí dos anos 30 do século XX. A colaboradora que aqui estava era uma simpática moça brasileira e dá-me a ideia que a proprietária vive no imóvel, num andar de acesso privado.

Tudo aqui tem uma atmosfera familiar, encontrando-se todas as comodidades esperadas num hostel e para minha sorte não está mais ninguém para além de uma senhora loura que consegue ser ainda mais velha que eu e que domina a ala oposta à minha. Não poderia estar mais satisfeito.

Relaxo um pouco. Trabalho e, eventualmente, decido dormir um pouco, já que estava com zero horas de sono desde a noite anterior. Passei pelas brasas durante umas duas horas e voltei ao trabalho. Organizei-me, recolhi informação para os dias seguintes, trabalhei mais. Fiz contas, arrumei a mochila melhor.

Bebi um chazinho, cortesia da casa, e depois começou-me a dar fome e foi ao shopping tratar desse assunto. Levantei dinheiro sem problemas com uma excelente taxa de câmbio e sem despesa adicional e depois de rondar os restaurantes existentes decidi-me por uma pizza, que me custo 9,50 Euros, acompanhada por uma boa caneca de cerveja. Já mais composto, senti-me seguro de entrar no supermercado SPAR sem correr o risco de trazer tudo o que me passasse à frente.

Fiz as minhas comprinhas, poucas coisas, e basicamente “porcarias”. É sempre assim quando viajo. Não consigo ter a alimentação saudável que sigo quando estou em casa.

E de volta ao hostel onde regressei às tarefas que tinha iniciado mais cedo. O sono aperta. Vou dormir cedo e amanhã o dia será semelhante, por aqui, fazendo tempo para ir para o aeroporto apanhar outro voo nocturno e passar por mais uma noite sem dormir.

 

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