Neste dia eu e o Clabbe separámo-nos temporariamente. Ele quis visitar umas igrejas e passar a noite noutra cidade, pela qual passámos na viagem de Tibilissi para Yerevan. Já eu preferi não arriscar: é que no dia da partida apenas uma “mashtruka” sairá de lá… e se não aparece? E se vai cheia? Não, eu prefiro jogar pelo seguro e fazer a viagem a partir de Yerevan, não quero arriscar-me a perder o avião para fora do Cáucaso.

 

 

Saímos juntos pela manhã. Andámos ao acaso algum tempo. Visitámos uma feira de rua, que encontrámos por acaso. E uma bela igreja. Até que chegámos ao mercado. É um local a não perder. Como o enorme edifício é incapaz de albergar tanto comerciante, as bancas estendem-se pela rua. Ao contrário da feira que acabámos de visitar, o mercado está consagrado a produtos alimentares. De todos os géneros: legumes exóticos, cabeças de vaca, frutos secos e frescos, bolos, queijos. Um mar de cores e de cheiros. Fotografar estes ambientes é sempre complicado. Há pessoas que reagem mal. Outras nem por isso. E eu, por via das dúvidas, tendo a não arriscar. Ao contrário do Clabbe, rapaz pouco tímido, que desperta algumas inimizades por ali, com os seus clicks constantes. Nem sei como a “segurança” do recinto não apareceu antes. Só lhes deu para se incomodarem com o facto de nos termos sentados nas escadas do exterior, a descansar um pouco. Bem. Foi só levantar-nos e prosseguir.

 


 

Assim como assim, estava na hora do meu amigo apanhar o seu transporte. Era ali nas imediações, e ficou assim uma sensação mista, de vazio mas também de liberdade. Já não me recordo o que fiz, mas lembro-me de dar por mim a apreciar o azul, muito denso, do céu, e, para variar, as belas pernas das arménias. Dep0is, e disso lembro-me, acabei na praça central, onde todos os caminhos de Yerevan vão dar, com os edifícios governamentais todos em redor, excepção feita para o Museu Nacional, em frente do qual se encontra um bonito lago de água límpida. É ali que tudo se passa, onde se vai dar a voltinha higiénica, para se ver e ser visto. Ali em redor as esplanadas estão repletas.

 

 

Hoje era o meu dia de cozinhar lá em casa. A invariável feijoada que levo para todo o lado. Tinha os bolsos cheios de Drams e estava convencido que me ia sobrar dinheiro, mas depois de visitar o supermercado que os meus anfitriões me recomendaram, vi que afinal o problema iria ser o inverso. Não é que as coisas fossem caras. Mas o pedaço de bacon que caí na asneira de trazer custou tanto como o somatório de tudo o que trazia nos sacos. Parece que era um bacon XPTO, importado e tal, e deu-me um rombo nas finanças que me fez passar o dia seguir a contar cobres. Bem, o que importa é que o jantar foi um sucesso. Depois da refeição, o Jared, que tinha sido algo seco nos dois dias anteriores, baixou as defesas e transfigurou-se para melhor. Passámos o serão a jogar “backgamon” à moda arménia, um jogo que tem contornos de “desporto” nacional… e a beber “brandy” local de uma garrafa especial de corrida que o Jarred tinha reservada para estas ocasiões. Foi um serão notável, onde conversámos sobre tantos temas de fundo… políticas sociais, imperialismo americano, vida de “expat”… eu sei lá… falámos que nos fartámos, de cálice numa mão e dados na outra… e ganhei todos os jogos. Sorte de principiante.

 

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