Não estava nada satisfeito com aquela ideia de estar pronto às 6:30 da manhã. Não apetecia nada, mas na realidade não custou assim tanto. É que uma pessoa anda cansada. Isto é um calcorrear sem parar, uma descoberta sem fim, e depois aquele maldito jetlag, o enlouquecer de um corpo confuso com sonos e acordares.

Mas as intenções eram boas. O que o Nic queria era que fôssemos o primeiro grupo a chegar à DMZ, aliás, ao ponto mais significativo da DMZ, onde foi assinado o pacto de tréguas que pôs fim aos confrontos da Guerra da Coreia. Não da guerra, que fique bem claro, já que esta, oficialmente, prossegue.

Parece que à medida que o tempo passa os autocarros de turismo acumulam-se e os tempos de espera prolongam-se. E nisso estava de acordo: não convinha nada. Só tinha dois dias completos no país e quanto mais depressa saíssemos dali mais coisas poderíamos ver e fazer em Pyongyang.

Da capital até à DMZ são quase 200 km. Eu já estava desconfiado e agora que sei o que sei não tenho problemas em escrever que ir até lá é uma perda de tempo. Quer de um lado quer do outro tudo aquilo não passa de um imenso teatro para turistas.

O marketing está bem montado e as pessoas não resistem ao apelo. E para ver o quê? a linha de fronteira. Que coisa pouco interessante. Foi uma seca. Que nos levou toda a manhã. Já quando tinha estado em Seoul estive tentado a fazer o programa do outro lado, mas o bom senso levou a melhor. Desta vez, integrado na tour, tive mesmo que levar com a palhaçada encenada.

Após a DMZ almoçámos na cidade mais próxima da fronteira, essa sim, muito interessante. E o que eu não daria para poder vaguear livremente por ali….

Visitámos um pequeno museu instalado num antigo palácio, reconstruído no século XVIII mas com uma história que remonta ao século IX. Local classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, em conjunto com onze outros elementos históricos na região.

Subimos depois ao topo de uma colina existente na cidade, onde existe uma versão reduzida das estátuas dos grandes líderes. Dali pudemos observar a parte antiga de Kaesong.

Depois do almoço o longo caminho de regresso. Tanto quilómetro, tanto tempo, para nada. Bem, valeu o programa do resto do dia. Paragem à entrada da cidade para ver com relativa calma o monumento que se ergue sobre a estrada, representando a desejada reunificação das Coreias.

De seguida um dos meus momentos favoritos desta viagem, com a descida ao metro, onde as estações me encheram o olho. Muito interessante. Oportunidade para observar de perto o quotidiano das pessoas, que viajam num metro muito atmosférico, com as estações decoradas com abundante iconologia comunista.

Acabámos por emergir na praça onde se encontra o Arco monumental. Reparei que existe também ali próximo um estádio, onde se realizam os jogos da selecção de futebol da Coreia do Norte.

O dia estava a chegar ao fim. Foi feita uma derradeira paragem para visitar um monumento que representa os três pilares do socialismo coreano: o martelo, proletário, a caneta, intelectual, e a foice, campesina.

Seguiu-se o jantar, a refeição menos conseguida de toda a tour, com pedaços de carne de prato a serem grelhados na própria mesa.

De volta ao hotel, bebeu-se, e bem, no beer garden do complexo. E estava assim encerrada a tour da Coreia do Norte. O dia seguinte seria, todo ele, de regresso a Pequim. Basicamente 24 horas de viagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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