29 de Maio

Último dia na Moldávia. A manhã é passada no hotel, sem grandes preocupações. Não tenho especial pressa em partir para Iasi, na Roménia, até porque não está ainda bem definido onde vou ficar. Por fim, pouco antes das 11 horas, recebo uma confirmação. A minha anfitriã chama-se Lacrimoara. Despeço-me do pessoal do hostel e ponho-me a caminho. Tenho tempo de sobra, caminho descontraidamente. À última da hora decido fazer ainda algo mais antes de sair de Chisinau. Ontem, no chat do Facebook, o meu amigo de Varsóvia, Darek, falou-me de um museu militar aqui nesta cidade. Perto da estação de autocarros. E mostrou-me no mapa a localização.

Pergunto a um par de militares que vejo na rua e eles apontam-me a direcção certa. É mesmo ali à frente. No exterior, um parque de artilharia com alguns veículos blindados e um Mig-21. Descubro o acesso para a exposição interior. O bilhete custa 5 LEI incluindo direito de fotografar. São cerca de 0,40 Eur. O museu é constituido por apenas duas salas. Uma exposição fraquita. Mas pelo preço do bilhete vale bem a pena visitar.


Quando chego à bilheteira da estação de autocarros dá-me uma coisinha má: não é ali, mas sim na estação sul. Sei lá eu onde  fica isso ou como lá chegar. Bem, o hostel é apenas a 1 km, vou até lá e certamente me ajudarão. E assim foi. Dizem-me que não é viável andar, é muito longe. Um táxi custa 2 Eur. Chamam-me um. Corre tudo bem. De facto o percurso é longo, talvez 6 ou 7 km.

Compro o bilhete facilmente e 40 minutos depois estou a caminho de Iasi. São apenas 60 km em linha recta, mas a viagem leva 3 horas. A fronteira consome algum tempo, mas a vontade do condutor de chegar ao destino não deve ser muita. Pára para abastecer, depois, para fumar um cigarro. A seguir, intervalo oficial. Entre fronteiras, pára na loja duty free. Por pouco não tinha que mudar (o que seria a segunda vez, depois da confusão das estações) a hora de encontro com a Lacrimoara. Mas não. Lá chegamos, e consigo estar no local combinado com um razoável atraso de 7 minutos.

Ficamos sentados durante um bom bocado ali mesmo, frente ao enorme Palácio da Cultura, o grande icone desta cidade de 265 mil habitantes, a quarta maior da Roménia. A Lacrimoara acabou de chegar de Praga, onde viveu dois meses. Evidentemente temos muito que falar.

Depois, caminhamos até casa dela. Fica a cerca de 1 km, na área chamada de “Ponte Vermelha” que ganhou este nome devido… exactamente… à ponte pintada de vermelho que a antecede. Ela vive num apartamento simpático, num quarto andar de uma torre de construção “socialista”. Pelo menos é assim que ela a descreve. Eu penso para os meus botões, mantendo-me delicadamente calado, que este pessoal que viveu na Europa sob um regime comunista, tende a considerar todos os blocos de apartamentos como associados a um estilo de construção politizado. Acredito que se trate de parte de uma trama mais complexa, que passa pela associação dos valores ocidentais a um Paraíso imaginário, no qual não têm lugar apartamentos onde se ouvem os vizinhos a falar, onde o elevador avaria, onde o isolamento é deficiente…. mas eles não sabem que a mediocridade dos blocos de apartamentos não é um exclusivo da construção comunista. Se eles conhecessem Chelas ou os Olivais…..

Passamos o resto da tarde e do serão em casa, à conversa. A Lacrimoara, tal génio de Aladino, satisfaz-me os desejos de viajante: um belo duche, uma máquina de lavar roupa e uma toalha emprestada. Que luxo! E ainda por cima dá-me de comer, uma saladinha de batata com ovo, yummi! Gosto deste sentido de hospitalidade.

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