2 de Junho

Por mais que viaje, sinto sempre uma emoção estranha nestes momentos. É o acordar de um dia que sei ser o último que passarei, por inbteiro, numa parte tão longíqua da Europa. Hoje ainda me deitarei aqui, mas também isso será um acto derradeiro. Estão a chegar ao fim os dias do Leste Europeu 2012.

Eu e os meus dois amigos vamos dar um passeio. Passamos por casa de uma jovem que se nos quer juntar, andando pelas ruas tranquilas de uma Targu Mures adormecida depois de uma longa noite de Sexta-feira. O tempo bom voltou, depois de semanas de céus cinzentões e chuva. Está um dia ideal.


Subimos até à colina onde está instalado o Zoo da cidade, passando por um subúrbio onde os poderosos da zona gostam de morar. Compreende-se, dada a conjugação da proximidade ao centro, a tranquilidade e as vistas sobre a cidade, lá em baixo. No acesso ao jardim zoológico as pessoas concentram-se, convergindo para as bilheteiras. Mesmo ao lado, uma floresta de um verde luxuriante convida-nos a uma breve caminhada. Com tudo iso o apetite desperta. O deles, não o meu. Assim, quando nos sentamos numa esplanada, numa área de grande dinâmica social, onde se inclui um parque infantil e uma feirinha,  eles encomendam comida, mas eu fico-me por uma cerveja. Servida em copo de plástico. Argh! Devia ser proibido por lei.

Seguem-se tempos de preguiça. característicos destes Sábados moles. Sentad0s, apenas. Antes de descermos de volta à cidade. Os meus amigos têm o seu futebol adiado. Eu, vou explorar Targu Mures antes da partida. Faço os cerca de 2 km até ao centro. Não há muito a dizer. Tudo o que é digno de nota se encontra concentrado num raio de poucas centenas de metros. As igrejas, o palácio da cultura, a câmara municipal, o monumento marcial de inspiração socialista, com o McDonals por detrás.


Há muitos estrangeiros, mas não vêm de longe; alguns alemães, mas sobretudo húngaros, que aqui mal se podem considerar forasteiros. A parte central de Targu Mures é uma alameda, configuração costumeira nos países que foram dominados pelo comunismo. Um passeio central ladeado de duas avenidas. E no meio, esplanadas.  Ainda me aventurei na cidadela, na esperança de ver algo interessante durante o dia que não tivesse visto no serão da véspera. Mas não… a feira continua lá, com os stands de comes e bebes e os palcos. Não vale a pena gastar tempo por ali.

Inicio o caminho para casa, andando lentamente, apreciando a boa atmosfera. Excluindo o centro há muito pouca gente nas ruas. Tudo está sossegado. Fotografo as coloridas casas que marcam o fim da cidade antiga e o início dos subúrbios. E chego para umas horas de sossego.

O serão segue o mesmo padrão que o anterior. Saimos, os três, chegamos à cidadela, desta vez por um caminho mais curto, que o meu anfitrião nasceu e cresceu naqueles bairros e conhece todas as vielas. Ainda é de dia, e aprecio uma pequena igreja, muito tradicional, feita de madeira. Chegados lá acima, abancamos numa mesa de madeira, corrida, com bancos a condizer, mesmo em frente à venda dos “bagaços”, e acabmos por ali ficar a noite toda. E durante esse tempo bebemos, muito, primeiro as bebidas fortes, depois cerveja, e mais bebidas fortes. E comemos. Nem me lembro o quê. Fazemos amizades com as pessoas que partilham a mesa conosco. Romenos de origem húngara. O senhor viveu muitos anos em Budapeste, mas diz-me que já não podia mais com a atmosfera de grande cidade, sentia falta do sentido comunitário da sua Targu Mures, onde toda a gente se conhece. Como toda a gente aqui, é bílingue, sem contar com o inglês com que fala comigo.


Depois, chega um casal, atraido pelas línguas estrangeiras. Já bastante “alegres”. Dizem que adoram o multiculturalismo, e, para variar, a moça fica entusiasmadissima por eu ser português. Ficam conosco um bom bocado, mas por esta altura a sobriedade à mesa já vai sendo pouca. Acabamos a noite com mais um pouco de música, antes de chegarmos a casa. Assim, claro, durmo que nem um anjo.

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