O dia até começou bem, muito bem, tão bem que nem imaginava que ia descer depois tão baixo. Calma. Não aconteceu nada de mal, assim, abertamente mal, mas…

Bem, mas voltando ao início. O voo foi bom. Como ia quase vazio toda a gente encontrou uma série de assentos vazios que foram transformados em cama e eu fiz o mesmo, dormindo assim umas três horas, que foi um luxo.

Aterrar também foi bom, tão bom que digo já: nunca vi uma coisa assim, o comandante colocou o avião no chão sem que desse por isso. E não estou a exagerar. Não é figurativo. Parece milagre, se calhar foi. Estávamos a perder altitude, normal, quase a tocar a pista, quase a tocar a pista e já não era possível estar ainda quase a tocar a pista, o avião rolava mesmo. Uma coisa fabulosa.

Depois continuaram as coisas boas. Após a melhor aterragem da minha vida – e nem vou dizer “até agora” porque é simplesmente imbatível – seguiu-se o aeroporto mais amigável, agora sim, até agora. Uma coisa louca. Uma pessoa vai pelos corredores e se hesita numa viragem logo um funcionário simpático aponta a direcção certa. E depois vem o controle de passaportes. Nem uma pessoa à espera. Chegar e ser atendido. E de que forma! A rapaziada da polícia de fronteira parecia mais estar numa festa de reggae. Boa disposição e descontracção. A melhor aproximação que tinha tido a isto foi na Síria.

Depois troquei dinheiro, também muito boa onda, câmbio certinho, gente simpática. E depois começaram os pequenos problemas. Devia usar a Internet para avisar que já tinha chegado. Mas a Internet do aeroporto não funcionava como devia. Mais simpatia: as senhoras do escritório fazem o telefonema para mim.

A caminho do hotelzinho. Trânsito caótico, noite mal dormida. A má disposição chega. Nada de especial no hotel. Nem bom nem mau, mas é longe, isolado e para piorar, começa a chover. O cenário estava a ficar negro para o meu estado de espírito. Nem a soneca tirada logo à chegada tinha ajudado muito.

Antes da chegada da noite um pequeno passeio. A ideia era comprar um cartão para o telemóvel. Mas não houve sucesso. Só piorou o meu estado de espírito. O bairro é a puxar para o depressivo. Ou será a cidade?

 

Dormir foi complicado. Por uma simples razão: altitude. Adis Abbeba está a 2.400 m e acabado de chegar não consigo respirar bem quando estou a dormir. Tenho esta chatice, o meu corpo não lida nada bem com altitude. Acima dos 2.000 m já sei que vou ter problemas respiratórios. Nada de grave, mas acontece. Caminhar, especialmente a subir, faz-me respirar mais depressa. E mesmo a dormir, acordo algumas vezes ofegante, a necessitar de inspirar profundamente.

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