Depois de um pequeno-almoço de baixo nível e de uma pequena batalha com a Fiona para podermos deixar as bagagens no hotel até à hora da partida de Symi, voltámos a percorrer os caminhos da véspera. Ficámos satisfeitos ao confirmar que a escolha do barco para Rhodes tinha sido correcta: certamente que haveria detalhes a serem descobertos na aldeia, já sem falar de outros pontos da ilha. Mas como as coisas eram, ou seja, uma viagem com um certo ritmo, sentimos que estávamos despachados.

Voltámos ao topo dos moinhos. Vimos o nosso navio chegar, ainda de manhã. Um enorme monstro metálico na delicada baía, avançando em direcção à aldeia. E se um dia os “travões” falharem? Dá a ideia que cortará Symi em duas, como manteiga. Mas não foi esse o caso hoje. Depois de uma manobra habilidosa, aportou, abriu o bojo e deixou escapar a sua carga, deitando-se depois a descansar. Mais tarde será a nossa vez de transpôr aquela porta e penetrar a barriga do monstro.

Procurámos encontrar um caminho alternativo para chegar ao porto, e conseguimo-lo, de forma parcial. Andámos para a frente e para trás, procurando uma esplanada agradável com acesso wi-fi. Acabámos por escolher uma que na véspera tinha ficado debaixo de olho, apesar da sobrelotação, do barulho das crianças e dos preços muito inflacionados, mesmo para uma esplanada no porto de Symi. Ali ficámos mais de uma hora, até porque mesmo ao lado encontrei uma ficha tripla clandestina, que servia o equipamento de som do estabelecimento, e que convenci a servir também o meu computador.


O resto da permanência na ilha escorreu paulatinamente. Na véspera havia vários planos, mas hoje foi um daqueles dias que se sente a necessidade de descansar e recuperar forças. Desistimos de explorar a extensão do trilho que partia do topo dos moinhos e não nos metemos em mais aventuras. Chegada a hora fomos ao hotel buscar as mochilas e descemos de novo, para o ferry.

A viagem decorreu, como todas as que fizemos por mar, de forma tranquila. Viajámos na sala interior, onde os sofás são bastante confortáveis. E, depois da paragem no mosteiro, que aproveitámos para efectivamente entrar nos edíficios, chegámos a Rhodes num instantinho. Era o último dia na Grécia. Estávamos cansados mas quisemos despedir-nos com a máxima força. Em vez de baixarmos os braços e sentarmo-nos num canto qualquer fomos redescobrir as vielas da cidadela. E foi bom. Mais um sem número de detalhes e perspectivas que não se tinham revelado na primeira incursão.  A luz estava excelente, no final de dia.



Mais tarde, já noite, deveriamos encontrar-nos com a nova couchsurfer do Emmanuele, ajudá-la a encontrar o apartamento, já que estávamos por ali. Do plano, claro, fazia parte comer pela enésima vez uma pita de queijo antes de  apanhar o autocarro para os subúrbios. A nossa nova amiga foi uma agradável surpresa: moça de bom trato, conversa interessante, catalã a viver na Alemanha, estava em Rhodes para uma escapadela de fim-de-semana, e a química foi positiva desde o primeiro momento. A conversa arrastou-se serão dentro e foi já com algum receio de não haver autocarros que nos movimentámos até à paragem. Passaram vários outros números mas não o nosso. Por fim, uns 40 minutos mais tarde, o desejado apareceu. E, como o mundo é assim, tão pequeno, lá dentro vinham as outras duas hóspedes do nosso anfitrião grego. Ainda houve espaço para uma fuga à rotina, quando umas paragens antes da nossa o condutor anunciou que não iria mais para a frente e que deveriamos abandonar ali o autocarro… pelo menos indicou-nos a direcção certa para caminharmos. Não sei se já disse isto, mas se forem a Rhodes, têm que ser muito pacientes com os autocarros. Pelo menos aqueles que vão para a periferia têm um comportamento muito temperamental… apesar de usar sempre a mesma carreira, acho que nos dias que lá passei nunca vi o condutor seguir exactamente o mesmo percurso.


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