22Mar-01

Um dia terrível, sem história, feito de um enorme mal-estar. É uma gripe, só pode, mas quando se anda por paragens longínquas há macaquinhos que nos entram na cabeça e segredam-nos que pode ser isso sim, mas também algo novo, uma doença tropical, quiçá um denguezito, uma malária ou, pior ainda, uma patologia completamente desconhecida.

A febre chegou, a sonolência veio junta. Dores musculares e nos joelhos. Está o “bouquet” reunido. O Tony, na sua imensa generosidade e vontade de ajudar, deixou-nos ficar no quarto até às 14:00. Já ajuda. Nem pensar em fazer alguma coisa hoje. Na véspera tinha-se sonhado com uma nova deslocação à zona do mausoléu de Ho Chi Minh, porque houve umas quantas coisas que ficaram por ver naquela área. Um templo antigo, uma ponte igualmente antiga, e o próprio mausoléu, por fora, que por dentro é coisa que não me atrai mesmo nada. E gostava também de ter apreciado o parque dedicada ao lider histórico, onde estivemos na véspera, de corrida, numa luta contra o tempo, visto que chegámos quase à hora de encerramento. Mas tudo isto terá que ficar para uma próxima visita a Hanoi – que só não posso garantir desde já que vai acontecer porque me custa muito a pagar vistos destes valores (no caso, 60 Eur).

A tarde foi passada no sofá da recepção do hostel, simplesmente à espera da hora de marchar para o comboio. E ainda foi uma bela marcha. Cerca de 3 km. Nada que se recomende quando a saúde está um pouco em baixa. Chegamos já de noite, mas com a ajuda amiga do GPS, encontramos a estação sem precalços. Lamento não ter tido oportunidade de a ver de dia, ou, mesmo pela noite, então que desperto. Uma boa parte desta estação ferroviária foi destruida por um bombardeamento americano em 1972. Então o que hoje se vê é uma mistura entre o estilo original, usado pelos franceses, com um perfume colonial, e os reparos feitos na sequência do famigerado bombardeamento, com o rigor e a austeridade socialista dos anos 70.

"Bué" de doente, no comboio nocturno para Hue
“Bué” de doente, no comboio nocturno para Hue

Encontrámos o nosso comboio, o nosso compartimento, onde trepei paa a minha caminha e me aconcheguei a tremer de frio. Adormeci. Acordei. Chegaram companheiros de viagem – e que sorte, que nestas condições complicadas foram os companheiros ideais, um par de jovens americanos, sossegado, bem comportado – e continuei a dormir. Passei a noite assim… a acordar e a adormecer, mas pouco demorou para me sentir bem, confortável, quentinho.

E assim foi, pela noite dentro, em direcção a Hue, a um milhar de quilómetros para sul, na zona central do Vietnam.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui