19Mai-01

Sai de casa, muito cedinho, caminhando com passo rápido, carga completa no lombo. Era altura de me mover, de Varsóvia para Wroclaw. Tinha um par de quilómetros para andar até à estação de metro mais próxima, e de lá um longo percurso até à paragem final da linha, de onde deveria encontrar o autocarro certo. O bilhete, esse tinha-o comprado online. A empresa chama-se Polski Bus e é afamada. Parece que está a revolucionar o tráfego de autocarros na Polónia, e os polacos são loucos pela companhia, apesar dela ser escocesa, o que, suspeito, é desconhecido de quase toda a gente.

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Até agora tudo bem. Descubro facilmente o pequeno mas moderno terminal da Polski Bus. Os autocarros têm bom aspecto. O pior vem depois, mas começa logo por não haver lugares marcados, o que desperta nos passageiros comportamentos algo primitivos, de premência de ser primeiro… primeiro a entregar a bagagem, para depois ser primeiro a entrar e primeiro a escolher o assento. O autocarro sai atrasado. Ao contrário do que me tinha sido descrito, é desconfortável, oscila de uma forma que logo me enjoa e, e isto é surreal, não existem cortinas… ora como está um dia de sol, ao fim de poucos minutos aquilo parece uma sauna, mesmo com ar condicionado, se é que está a funcionar. É verdade que tem Wi-Fi, apenas em território polaco, e uma ficha eléctrica. Mas a viagem torna-se horrível sob aquele calor e sol inclemente.

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Chegar a Wroclaw é um alivio e lá está o meu novo anfitrião, à minha espera como prometido. O dia está resplandecente, quente até, mesmo fora do autocarro. A minha moral eleva-se. O Pawel é um homem bem sucedido na vida, neste momento com uma posição chave numa empresa de publicidade. Mesmo assim arranja forma de tirar a tarde para me dar uma introdução a Wroclaw (que se diz algo como Vrótsslav). A praça antiga é encantadora, enorme… parece que é a segunda maior da Europa, a seguir à de Cracóvia.

Ainda ontem não fazia ideia do que gostaria de visitar nesta cidade, mas no caminho dei uma vista de olhos no In Your Pocket para Wroclaw (guias gratuitos disponíveis em PDF, financiados pela publicidade, e cobrindo grande número de cidades na Europa Central e de Leste, e não só). Tomei notas, e agora, na companhia do Pawel, via alguns desses pontos e ainda outros que ele conhecia. Entrámos na Sinagoga, que estava fechada, mas não de uma forma que a simpatia do meu amigo não resolvesse. Mostrou-me os anões de Wroclaw, estes “bonecos” de bronze que estão espalhados por toda a cidade, em alusão ao símbolo criado ainda nos tempos do comunismo por alguém que os pintava onde quer que encontrasse propaganda estatal. E levou-me à rua mais antiga, à antiga prisão, ao beco dos graffities, aos mercados.

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Por fim, era evidente que tinhamos que comer qualquer coisa, e fomos a um local muito agradável, cujo nome infelizmente não me recordo… decoração rústica, comida saborosa, cerveja de qualidade, preços muito acessíveis, mesmo para mim, pobre viajante de pé descalço. Acho que paguei 7 Eur pela refeição completa, e o Pawel, dando-me opção por escolher outro estabelecimento, tinha-me apresentado este como sendo “mais caro”.  Comeu-se bem, e ainda andámos mais um bocado, mas logo se fizeram horas de ir para casa.

À primeira vista chegar lá não era simples. A localização é talvez o elemento mais importante quando procuro alojamento, mas no caso de Wroclaw aceitei algo, digamos, fora de caminho. E não me arrependo, porque me diverti imenso com o Pawel e o seu amigo e companheiro de apartamento, Piotr. Portanto, tomámos um eléctrico, fomos até à última paragem, já bem nos subúrbios da cidade, e depois, ou esperávamos por um autocarro ou tinhamos 2 km a andar pela frente.

19Mai-07

Optámos por esta segunda alternativa, e foi um passeio parcialmente agradável. E só não o foi totalmente porque estava carregado e doia-me uma perna, fora o cansaço natural de um dia de andanças sempre de mochila nas costas. Eles vivem na franja de um bosque, já no finzinho de Wroclaw. Um apartamento muito simpático, onde ficámos à conversa noite dentro, sobre tudo, especialmente sobre viagens, mas também abordando temas da História e, claro, Wroclaw. Para o dia seguinte tinha uma cabazada de conselhos e dicas, alguns a meu pedido, outros, expontâneos, sobre locais da preferência dos anfitriões.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Bem, já usei Polskibus algumas vezes e da última vez correu muito mal. Não conseguimos ccancelar os bilhetes pois o site estava com algum problema e tentámos ligar mas ninguém atendeu. Perdemos cerca de 80zl. Tentei reaver o meu dinheiro e eles não nos podiam ter tratado com desprezo maior.

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