Livros: Mirrors of the Unseen – Journeys in Iran

mirrorsoftheunseenComprei este livro como parte da campanha de preparação para a viagem ao Irão mas acabei por terminar a leitura já quase no regresso a Portugal. Fez-me companhia, pelos desertos iranianos, pelas camas onde dormi, pelos autocarros e comboios que utilizei. Uma companhia agradável e apropriada. Por vezes entediante, é certo, mas sempre adequada ao ambiente, à envolvência.

Estas páginas contam-nos a história de Jason Elliot, um inglês apaixonado pelo Irão e pela antiga Pérsia, com um olho muito apurado para a requintada arquitectura dessa civilização que em tempos ditou os padrões de construção pelo mundo fora.

O estilo é cativante. As suas aventuras por terras do Irão lêem-se sem pestanejar, narradas a bom ritmo, com uma prosa envolvente e simples. Contudo, hesito antes de recomendar o livro a quem se encontre numa posição semelhante à minha, a quem procure uma leitura que ajude a preparar uma visita aquele país do Médio Oriente. É que este livro não é apenas uma narrativa de viagem. O autor intercala trechos ligeiros, divertidos, com que todos nós nos identificamos com facilidade, com passagens, por vezes capítulos inteiros, bem mais pesados, dedicados às intrincadas nuances da arquitectura persa e da arte islâmica.

Se o leitor estiver para aí virado, se for um apaixonado por estas coisas, então não procure mais! Mirrors of the Unseen – Journeys in Iran é o livro que procura, um misto de reflexões sobre as maravilhas arquitectónicas da Pérsia e sobre o Irão de hoje, revelado através da série de pessoas que Jason vai conhecendo e das aventuras que a solo ou na sua companhia vai vivendo. Mas se procura um livro mais leve, para ler com um sorriso descontraído, fica avisado: as passagens divertidas alternam com os longos parágrafos bem mais técnicos.

Além disso, existe uma limitação geográfica evidente. O autor perde-se nas suas demandas, e quem procura, mesmo que indirectamente, informações ou inspiração para uma viagem mais convencional, não encontrará nestas páginas o sumo de que necessita. As grandes referências para o viajante independente são apenas vagamente tocadas por este autor. As páginas de Shiraz e Isfahan, de Teerão e de Yazd apenas vagamente tocarão o interesse de quem passou por estas cidades ou de quem se apresta a fazê-lo.

Pessoalmente não me arrependo da leitura – se fosse o caso é provável que nem a tivesse terminado – mas teria preferido um mero livro de viagem. Até porque o autor saber escrevê-los.

Aparentemente não existe uma edição em português desta obra. A Amazon comercializa o livro em formato digital – para Kindle – por excelente preço: cerca de 7,50 Eur.