A primeira impressão causa logo impacto. É diferente, único. Aparece assim como uma enorme máscara colada a uma face. Um castelo construída contra uma montanha, quase sem a dimensão de profundidade. O visitante aproxima-se de baixo e desde logo percebe que não gostaria de estar na pele de um invasor. Na fortaleza, todos os defensores concentrados numa só frente, os seus arcos e bestas apontados naquela direcção, e os caldeirões de óleo fervente e o alcatrão a escaldar, prontos a serem derramados sobre os incautos que corressem contra as suas muralhas.

Localiza-se junto à aldeia de Predjama, a meio caminho entre a costa do Adriático e a capital da Eslovénia, Ljubljana. Para um observador português distingue-se ainda pela cor clara em contraste com os telhados e cúpulas negras. Por debaixo das paredes surge um curso de água, como que cuspido do seu interior. É um ribeiro subterrâneo que aqui vem à superfície, passando pouco antes através de um complexo sistema de grutas.

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O bilhete não é barato, e como viajante enconómico que sou, fiquei-me pelas miradas do exterior. Mas posso passar a informação, em vigor em Abril de 2013: 9 Eur pela visita guiada. Quanto às grutas que se escondem sob o castelo, por vezes é possível visitá-las, mas não consegui encontrar informação detalhada sobre esta possibilidade.

O céu estava cinzentão, pesado. Atrás de mim, um autocarro de excursão imobilizava-se, portas abertas, uma multidão de jovens a desembarcar. Alinham-se em frente à cabana que serve de bilheteira. “- Isto escorrega, carago”. Perfeito. Está na hora de me afastar.

Enquanto descia a face abrupta do pequeno vale cavado durante milhares de anos pelas águas do riacho, vou pensando no tanto que aquelas paredes brancas já terão visto. Nasceram provavelmente no século XII. Ninguém sabe ao certo, porque o primeiro registo histórico surge já no decorrer do século seguinte. Como todos os castelos da Europa Central, conheceu bastante acção, mas as maiores aventuras viveu-as quando o seu proprietário se meteu em sarilhos, matando um inimigo poderoso. Tão poderoso que o imperados austro-húngaro em pessoa decidiu puni-lo. Corria o ano de 1483, e Erasmus – assim era o nome do nobre – refugiou-se no seu castelo de Predjama enquanto Gaspar Ravbar, lorde de Trieste, montava cerco. Ao fim de vários meses, nada se tinha passado, e Gaspar começava a ficar intrigado pelas reservas infindáveis de alimentos e água que pareciam estar armazenadas no castelo.

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Eventualmente Erasmus foi atingido por uma bala de canhão, dizem as más línguas que enquanto defecava num espaço exterior ao castelo. Foi o final da história, e veio-se a descobrir que a guarnição se tinha mantido bem abastecida devido a uma série de passagens secretas que permitiam trazer o que fosse necessário através das grutas.

Não é fácil chegar até aqui usando transportes públicos. Talvez seja mesmo preciso um carro ou, em alternativa, um grande espírito de improvisação. Seja como for, ficam aqui as coordenadas aproximadas: N 45° 48.837 E 014° 07.716

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