Malta ficou-me no coração aquando da visita de Setembro de 2009. Cheguei mesmo a pensar experimentar viver na ilha durante uns meses, projecto que aliás não está ainda completamente posto de lado. Foi portanto com naturalidade que aproveitei uma promoção Ryanair (Sevilha – Malta – Sevilha, 12 Euros) e me mudei durante uns poucos dias para este paraíso mediterrânico.

O vôo de véspera aterrou pouco antes das 20:00. Correria. O último autocarro sai precisamente a essa hora e é imperioso que o apanhemos. Correu tudo bem. Chegámos a casa do nosso amigo Jeff pelas 22:00, não sem antes aproveitar a escala em La Valetta para matar saudades da pastelaria maltesa. Já quase me tinha esquecido do sabor daqueles pastéis de figo, que se compram por tuta e meia num dos quiosques que envolvem a praça que serve de central de autocarros para toda a ilha.


O Jeff tirou estes dias de férias. Tivemos assim o privilégio da sua companhia durante dois dias completos. No primeiro, foi tempo de colmatar as falhas da nossa primeira visita. A costa noroeste tinha ficado por explorar. E nessa tarefa gastámos esta Quarta-feira.

Os rochedos de Dingli foram a primeira paragem. Andámos por ali. Descobrimos o local que foi habitado pelos antigos habitantes de Malta, um povo que vivia em cavernas e escavava cisternas na rocha. Mantiveram este modo de vida durante centenas de anos, e foi já no período de ocupação britânico que foram forçados, por imposição governamental, a abandonar os seus “buracos” e a integrar-se no modo de vida “normal”. Num outro local, um pouco mais tarde, visitámos algumas das suas cavernas, mas para já foi uma delícia observar as antigas cisternas, localizadas num magnífico promontório.

Regressámos a Rabat para comprar alguns mantimentos para a jornada. A Crystal Palace, uma tasca local, é famosa pelos seus pastéis de queijo e sandes únicas. Experimentámos logo ali algumas, no meio da rapaziada muito local, que por ali pára para dois dedos de conversa, um copo de chá com leite e uns petiscos. Depois, pedimos para embrulhar mais umas iguarias e partimos à descoberta de novos locais, devidamente liderados pelo nosso guia.

O Jeff queria-nos mostrar um percurso pedestre do seu agrado, e passámos o resto do dia a palmilhar uma parte remota da ilha, junto ao mar. Foram 12 km de marcha, que culminou na Popeye’s Village, um conjunto de casas de outro mundo que foi erigido como cenário para o filme Popeye (1980, com Robin Williams) há uns valentes anos atrás. Hoje, é um triste parque de diversões, com ingressos caros. Mas pode-se observar o conjunto do lado oposto da baía, numa perspectiva geral que vale a deslocação. Depois, parámos para uma bebida no bar à entrada do complexo, antes de iniciarmos a caminhada de regresso ao carro, que atingimos já depois do sol posto.


O serão foi passado em casa, a cozinhar, comer, falar. Sobretudo falar. Pôr a conversa em dia, sobre tudo o que se passou desde 2009 e também sobre a tensa situação que neste início de 2011 se vivia no Norte de África e no Médio Oriente, paragens tão queridas do coração do Jeff, pela proximidade geográfica e cultural.

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