Foi em 2017 que estive no Sri Lanka. No início do ano. E por lá visitei o Parque Natural de Tissamaharama, enquadrado numa tour organizada pelo dono do sítio onde fiquei alojado, o River Side Cabana, que de resto recomendo bastante, não só pelo local como pelo facilidade de arrancar para o Parque logo na companhia do proprietário que é também um dos melhores guias da região.

Foi um passeio mal sucedido, monótono e desconfortável. Acordar a meio da noite e ser chocalhado durante horas a fio não me agradou nada mas…. houve aquele momento… e é desses momentos que é feita esta rubrica.

Era o meio da manhã e havia uma frustração acumulada no ar. Não se via bicharada nenhuma, daquela que enche o olho, que grava memórias, que se fotografa avidamente. Apenas umas aves, uns crocodilos ao longe, uns búfalos de água. O prato principal de Tissamaharama, mas esses, naquele dia, nem vê-los.

De cada vez que nos cruzávamos com outros veículos o nosso condutor trocava impressões com os colegas e invariavelmente via aquela expressão de desânimo nos seus olhos. Não, hoje os leopardos não se deixariam ver.

Pois que seja, não havendo possibilidade de observar um desses grandes felídeos, então pelo menos elefantes. Mas nem os grandes paquidermes pareciam ter vontade de aparecer.

Já me imaginava de regresso ao conforto da cabana na árvore naquele momento em que o condutor meteu por um troço de terra batida apertado, uma coisa rara no parque. Ali, havia matos de ambos os lados e o piso estava bastante mal-tratado e por isso seguíamos devagar.

E de repente, o momento, aquele momento em que tudo parece ficar em suspenso… do lado esquerdo da vegetação sai um elefante, com muita calma, mas por alguma razão pareceu-me que se tinha ali materializado de repente.

Era um animal de médio porte, para a sua espécie… mas logo de seguida aparece outro… e logo mais um… com aquele passo pausado que só os elefantes parecem ter. E mais um. Só que… os três últimos são crias! O melhor que poderia esperar, acho eu.

Eu disse que a estrada era apertada, não disse? Pois então agora temos um grupo de elefantes a caminhar para nós. Mesmo com toda aquela calma no passo é algo que mete respeito. Pumba, pumba, passo certo. De frente para o carro.

O condutor mete a marcha-atrás, e recua, devagar, deixando os animais aproximarem-se. Vamos andando para trás, eles vêm na nossa direcção e em determinado momento estão a uns cinco metros apenas, sem qualquer sinal de nervosismo.

Às arrecuas chegamos a um amplo terreiro junto ao qual existe uma superfície de água, um charco barrento. Para nós poderá ser apenas isso, um charco barrento, mas imagino que para um elefante aquilo seja o equivalente às praias de areia branca das Seychelles. E de facto é para ali que se dirigem, passo certo, com a certeza que o que querem naquele momento é um bom banho refrescante.

A fêmea deixa as crias tomarem a dianteira, e um após outro entram na água. Em nosso redor juntaram-se outras viaturas e aos poucos os elefantes afastam-se. Está consumado o momento. Foi a primeira vez que vi um animal de grande porte no seu habitat natural e é algo que não se esquece.

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