Há uns dias passou-me pela vista uma lista que achei deveras curiosa. Nela estavam inscritos os países com menos afluência de turistas, segundo dados recolhidos em fontes diversas.

Parece que o campeão do minimalismo turístico é uma minúscula república perdida no meio do Pacífico, e que dá pelo nome de Nauru. Em todo um ano (2010) terão lá chegado 200 visitantes, não mais do que isso. As razões apontadas para esta escassez são diversas, e todas válidas: o território é ridiculamente pequeno, com cerca de 21 km2; e não é só pequeno… é desertificado. Afinal, toda a ilha é uma espécie de mina de fosfatos, onde ainda por cima é necessário visa para entrar. E como se deve imaginar, não abundam por esse mundo fora as embaixadas do Nauru.

A Somália não é tão pequena nem tão desconhecida, mas, perdoem-me a linguagem, como “quem tem cu tem medo”, em 2012 estima-se que não mais do que 500 turistas tenham entrado no seu território. As coisas talvez tenham a melhorar, e agora até a Turkish Airlines estabeleceu uma rota com dois vôos semanais. Mas a Somália é ainda um buraco negro capaz de assustar os mais destemidos.

O Tuvalu, o Kiribati e as Marshall Islands ocupam as posições seguintes, respectivamente com 1.200, 4.700 e 5.000 visitantes por ano. Porquê? São territórios remotos, cuja viagem até lá custa uma pequena fortuna, sem falar nos preços de alojamento.

Na sexta posição aparece a Guiné Equatorial, com 6.000 turistas em 2012, de acordo com o Banco Mundial. Não é de espantar. A violência impera nas ruas e obter um visto aproxima-se de missão impossível. E depois, há pouca gente que queira lá ir, a não ser para poder bradar aos ventos que o conseguiu.

O Turcomenistão – que por acaso está nos planos aqui do Cruzamundos – é o sétimo da lista, com 7.000 visitantes em 2007. Bem, o país é completamente chanfrado, o que não é surpreendente se considerarmos o figurão que preside aos seus desígnios. E depois, lá está, não gostam de visitas, de forma que obter um visto – a não ser que se seja de um país da ex-URSS – é quase impossível. O que vale é que se pode atravessar aquilo vagarosamente se se provar que se está em trânsito para uma nação vizinha, por exemplo, cruzando do Irão para o Kazaquistão (e sim, é esse o meu plano secreto).

E em oitavo, TARAM!!! Surpresa! São Tomé e Principe! 8.000 turistas em 2010, contadinhos pela organização de turismo das Nações Unidas. E eu quase fui um deles. Certamente quase todos são portugueses, com uns quantos espanhóis, franceses e alemães pelo meio. E, sinceramente, espero que continue assim, na oitava posição ou ainda mais à frente, que o que é bom não deve ser estragado. Para o ano estou lá batido outra vez.

EN 2 de São Tomé e Principe.
EN 2 de São Tomé e Principe.

Nona posição: Comoros. 15.000 turistas em 2010. Não se percebe bem porque não há mais gente a ir, porque não se encontram grandes problemas e parece que as gentes são hospitaleiras.

Décimo lugar para o Afeganistão, que segundo toda a lógica deveria estar lá para os lugares do pódio. Mesmo assim, segundo o New York Times, ainda foram 17.500 os malucos que escolheram este encantador destino de férias em 2010. Agora a sério… não compreendo o que faz alguém ir ao Afeganistão e colocar de lado a Somália. Mas por acaso até conheço pessoalmente 3 ou 4 destes loucos que cruzaram o país dos Taliban.

E daqui para a frente a lista continua, até aos 25º lugar. Gostava apenas de sublinhar que nestes vinte e cinco países há três ex-colónias portuguesas. Para além de São Tomé e Principe, temos a Guiné-Bissau logo na 14ª posição com 30.000 turistas em 2010 (o facto de ter não sei quantos mais turistas registados do que São Tomé faz-me desconfiar bastante da credibilidade destes números… mas quem é que vai fazer turismo à Guiné- Bissau!?) e Timor-Leste, na 18ª posição, com 40.000 visitas em 2010 (não me importava nada de engrossar o número num ano vindouro).

Depois, lá para o meio, há os suspeitos do costume, pelas razões óbvias: Coreia do Norte, Líbia, Chade, Serra Leoa. E há até um país europeu, um dos 4 ou 5 que ainda me falta visitar, por acaso, o Liechtenstein, na 22ª posição, com 53 mil visitas.

Agora, se quiser consultar a lista completa e ler as explicações detalhadas de quem já os visitou a todos, pode passar pelo blog dele e ver directamente o artigo The 25 Least Visited Countries in the World. Se se quiser rir um pouco, não perca as razões apontadas para o caso de São Tomé e Principe.

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