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Decidi ficar duas noites em Mardin. Porque não? Esta viagem pela Turquia foi muito mais fácil do que esperaria em termos de Couchsurfing. Aceitaria pagar alojamento pela estadia em Kayakoy e no Curdistão, e, na volta, aconteceu exactamente o oposto. Quisesse eu e teria anfitriões para todos os 30 dias desta viagem. Mas como costumo fazer, opto por um par de dias de independência, que sabe muito bem. A tempos é preciso, e na Turquia, foram apenas estes dois dias. E depois, gostei de tudo aqui. A cidadezinha é o máximo. Perfeita, mesmo. Pequena o suficiente para ser visitada a pé, sem problemas. Pictoresca em todos os planos. Os temas são variados… as pessoas, as lojas, a arquitectura, a planície que se estende a seus pés… é uma espécie de viveiro de potenciais fotografias, que só aguardam que o visitante as recolha. A cada passo existe uma nova perspectiva, um detalhe, um ângulo. E há o hotelzinho, que é mais um hostel, gerido pelo querido Ali, que é passado daquela corneta mas uma santa pessoa, que, como mais à frente se verá, deu provas concretas do seu bom carácter. A comida é excelente e barata. Bom… eu disse que gostava de tudo aqui, e queria mesmo dizê-lo: TUDO. E foi portanto com naturalidade que estendi a minha estadia, pagando mais 12 Eur por uma segunda-noite.

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Mas voltemos ao dia de hoje, que começa bem cedo. Acordo, não se vê ninguém, o portão está fechado e a recepção também. Volto para o quentinho da cama, que as noites são frias e a esta hora ainda se está na temperatura nocturna.

Às nove horas saio do ninho, pergunto ao Ali se de facto o pequeno-almoço está incluido, e ele diz que sim, que eu posso ir para o quarto que ele me chamará quando estiver pronto. Uns minutos depois aparece por lá, subo ao terraço superior e como com a minha amiga basca. Tenho um prato com tomate, azeitonas e algo que parece pepino mas não é. Há também queijo caseiro,  um ovo cozido e uma terrina com uma deliciosa geleia de fruta. E, claro, muito chá a acompanhar.

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O Ali convida-nos a ver o terraço superior da casa, que alcançamos trepando por uma periclitante escada. A vista é de facto espectacular. Ele conta-me um pouco da sua experiência militar. Tem agora 27 anos, mas há oito anos, quando serviu no Exército, a guerra com o PPK estava ainda em grande. A sua unidade, de 100 homens, acabou o “tour of duty” com 80. Fala-me do medo diário de morrer. E penso no bizarro… um jovem filho de um casamento misto de um árabe com uma curda, combater aquela guerra no exército turco.

Depois, a basca parte, para outras paragens, e eu deixou-me estar a relaxar por ali, sem preocupações, sem nada para me fazer mexer a não ser a vontade espontânea de cada momento. Acabo por ir dar mais uma volta. O dia está, como quase sempre, cheio de sol. A chuva da noite limpou e não se vê uma núvem no céu.

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É Domingo e a rua não está tão animada como na véspera. Alguns lojistas optam por não abrir, mas ainda há uns quantos negócios a laborar. O ponto alto do dia foi-o também de forma literal. Aventurei-me e subi as escadas para a esplanada do café que ontem tanto me captou a atenção. Esperava um local super-fino com preços elevadissimos mas não. É relativamente fino mas os preços são muito acessíveis. Paguei  1,60 Eur por uma Pepsi, mas podia ter tomado um chá por muito menos e a comida também não é excessivamente cara. Ficasse eu por aqui mais uns dias e certamente experimentaria uma refeição neste local. Porque, meus senhores, a vista é deslumbrante. E não só. A esplanada tem óptimo ambiente. Seyr-i Mardin, ou, em inglês, The Eye of Mardin. Altamente recomendável.

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Depois de um bom bocado a ler naquele sítio, regressei ao hotel. E deixei-me estar até depois de cair a noite e de se fazerem horas para o meu prometido jantar. E lá foi outro excelente kebab pelos mesmos três Euros e pouco. O dono da tasca vez uma expressão de agradada surpresa quando me viu entrar, e depois de me sentar veio até mim dizer qualquer coisa que certamente significaria algo como “vejo com agrado que gostou do jantar de ontem, vai ser o mesmo?”. E quando o jovem ajudante me viu, fez a mesma cara e disse algo com o mesmo significado. Foi engraçado.

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Na volta parei para comprar um chocolate para me servir de sobremesa e ceia, e recolhi-me. No quarto do lado, estão agora três “galinhas”, com uma especialmente parvinha, uma canadiana de 37 anos que já tinha idade para ter juizo.

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