Depois da prolongada noite da véspera, acordar para ir apanhar o comboio foi algo tormentoso. Acordei o Thomas para me despedir, e separámo-nos com um caloroso abraço. A viagem até Sudbanhoff decorreu sem incidentes. Como sempre em Viena, as coisas funcionam bem. O eléctrico J, em Ottakring, levou-me até uma zona mais central, onde passei para o D, que me conduziu à estação. Comprei calmamente o bilhete, e dirigi-me à plataforma. Esperei um pouco até que o comboio chegasse e os funcionários o aprestassem para nova viagem. A composição passará por Praga, mas o destino final é Hamburgo. Fica a nota, para ponderar uma visita ao meu amigo Jan nos dois meses que se seguem. O bilhete custou quarenta e poucos Euros. A carruagem é composta por compartimentos. Partilho o meu com um casal de americanos, cinquentões (ou para cima disso) que andam a bater a Europa de comboio, e com um homem de negócios alemão. Vamos conversando durante toda a viagem, que passa num instantinho. Afinal, é aproxidamente equivalente a uma ida a Lisboa, partindo de Faro.O comboio detém-se em Holesovice, e não na estação central, como me tinha sido dito. Não há problema. Em vez de caminhar até casa, compro logo ali um bilhete de transportes públicos para duas semanas e entro no Metro, mesmo ao lado. Em breve estarei em Na Strudza. O André espera-me com um abraço amigo. Vou encontrar a casa um bocado mal tratada, a precisar de uma profunda limpeza. Sinto-me um pouco deprimido, mas sei que é algo temporário: o cansaço acumulado, o dia cinzento, o estado do apartamento. Claro que no dia seguinte já vejo tudo com novo entusiasmo. Não estava enganado quanto ao estado passageiro do desagrado.

Logo no primeiro dia, depois de uma tarde de acomodação e descanso, vamos fazer umas compras de produtos de limpeza e mantimentos básicos, e depois, vamos ter com uns CS’s que nos esperam. Começamos por uma cerveja na cantina universitária, depois, jantamos num dos mais belos clássicos cafés da cidade, o Louvre, inaugurado em 1902 e desde então frequentado por figuras como Kafka e Einstein. O ambiente prima pela excelência: tudo está decorado segundo o rigor que se esperaria de uma casa histórica, os funcionários cirandeiam pelas salas, transmitido uma sensação de eficiência e profissionalismo, com os seus aperaltados fatos, acorrendo rapidamente a cada cliente em necessidade. O jantar é a um só tempo barato e de elevada qualidade. O nosso amigo sueco paga a conta, reafirmando que ganhou um bom dinheiro e quer gastar algum dele. O meu prato, uma salada mista com uma série de vegetais diferentes, adequadamente temperados, acompanhados por dois fartos rolos de fiambre e queijo azul panados, custaria cerca de quatro Euros. Sem dúvida uma referência para posteriores visitas. Terminada a refeição, vamos até um clube onde muita coisa se passa: há uma série de salas, com fins diferentes para conversar, para dançar… e para ver umas mamocas a abanar a uns meros 50 cm da nossa cara. Os preços não páram de me surpreender. Ali, pode-se beber um batido de leite com fruta por cerca de um Euro e meio, e os cocktails, a escolher de entre uma variedade infindável, andam pelos 2 ou 3 Euros. E assim acaba o primeiro dia na grande Cidade.

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