Dia 14 de Fevereiro de 2020, Quinta-feira

Com tempo para gastar em Sucre, usei este dia para descansar e visitar museus. Pouco mais.

Depois de mais um agradável pequeno-almoço no hostel, comecei pelo Museu Charcas, ali próximo, como de resto quase tudo em Sucre.  Na recepção um funcionário trabalha em equipa com um sargento da polícia. Sim, em Sucre, talvez na Bolívia, as entradas nos museus são controladas por agentes da polícia.

Visito o museu rapidamente. É algo seco, um conceito à moda antiga. Armários com objectos expostos por detrás do vidro. Destaque para a colecção da máscaras cerimoniais e festivas e para a própria arquitectura do edifício.

Na realidade, no Museu Charcas, existem dois museus reunidos, o Antropológico e o Colonial. Os bilhetes podem ser independentes ou combinados, mas o preço do Colonial parece-me exagerado e como de resto a minha paciência para este tipo de espaços é reduzida, fico-me pelo Antropológico. Não são colocadas restrições à recolha de imagens, um detalhe sempre bem vindo.

À saída pergunto ao pessoal que autocarro tomo para ir ao cemitério. Ainda estou um bocado traumatizado pela canseira da véspera, uma boa caminhada a subir sob calor intenso, para dar com o cemitério fechado. Hoje regresso, mas não caminho.

Lá passa o autocarro indicado pelo simpático sargento. Maravilha. Uns poucos cêntimos e num instante estou lá em cima.

Hoje está aberto. Claro, já fui equipado com o horário de funcionamento. O cemitério central de Sucre é considerado uma atracção turística mas a mim não me impressionou assim tanto. Talvez levasse expectativas elevadas para algo que geralmente tanto me interessa, mas fiquei desapontado.

Passeei um pouco. Tem sombras refrescantes, bem vindas, num dia com sol e calor. Encontro áreas bem distintas. Em algumas partes há caminhos muito arranjados, ladeados de flores e com abundantes árvores altas. Ali existem mausoléus monumentais, de famílias abastadas ou de indivíduos notáveis.


Um rapaz toca viola, placidamente, sentado num banco. Mais tarde vejo-o com um pequeno grupo de locais. Afinal é um guia. Vai explicando detalhes, contando histórias sobre os túmulos mais relevantes.

Os blocos mais modestos que albergam restos mortais são decorados ricamente de forma personalizada e foram estes pormenores que mais me encantaram no cemitério. Ao fundo existe uma área mais humilde e está em construção um edifício moderno que será um depositório de mais gavetas de cinzas.

Regresso a pé. A descer é mais simples. Passo por uma “loja” de fotocópias que não é mais do que uma fotocopiadora no meio da rua, que vai buscar electricidade sabem os deuses onde.

Reparo num velho mural junto a um posto de polícia que pretendia sensibilizar os cidadãos para uma condução responsável. Interessante.

Volto ao centro histórico e decido ir almoçar a um dos locais mais apreciados por residentes estrangeiros, turistas e locais da inteligentsia: um restaurante vegetariano que está presente nas páginas de qualquer guia e referido em todos os blogues de viajantes que encontrei.

O local chama-se Condor Cafe. Entro depois de comprar o jornal e de ver o menu diário. Não gostei especialmente. Maior parte dos clientes eram estrangeiros o que me causa logo algum desconforto. O serviço é descuidado e impessoal e a comida… come-se. Não será experiência para repetir.

Depois do almoço retiro-me para mais um período de descanso no oásis que é o meu hostel. E depois vou ao MUSEF, um museu universitário instalado num belo palácio urbano impecavelmente mantido. Mais um simpático sargento da polícia na recepção e entro para a visita.


 

Uma exposição pequena mas agradável. São, creio, quatro salas. Bem arranjadas, com artefactos interessantes. Um funcionário cruza-se comigo e pergunta-me se preciso de ajuda, alguma informação. No fim convida-me a ver um video, e valeu a pena. Foi um belo encerrar da visita.

Segue-se um outro museu universitário. O Museu Dr. Alfredo Gutierrez. Tinha potencial, mas o boss da recepção estragou um bocado a experiência. Um tipo algo arrogante, e ainda por cima a visita é obrigatoriamente guiada… por ele. Não era o guia mais competente e numa situação destas não consigo descontrair, apreciar os espaços sempre com uma sombra à espera…

A colecção é daquelas que mais me agradam, um repositório da vida quotidiana de uma família abastada de finais do século XIX, com belas peças de mobiliário e elementos decorativos. E pode-se fotografar à vontade.  O museu fica localizado mesmo na praça 25 de Mayo, o espaço central de Sucre.

Ainda estava a meio da tarde mas nesse dia não se fez muito mais. Saí ao início do serão para esticar as pernas e entrei num café simpático que tinha referenciado anteriormente. Café Manay. Um espaço adequado para trabalhar um bocado. Ao lado vi pela porta um espaço onde crianças aprendem a desenhar. Muito fixe!

 

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