O Jardim das Flores é um dos atractivos da cidade iraniana de Isfahan, uma das antigas capitais do império persa e uma paragem incontornável em qualquer circuito pelo país. Começo já por dizer que se trata do melhor jardim botânico que já visitei. Não é grande, bem pelo contrário, mas a harmonia e a variedade, a côr e o público, conferem-lhe um significado que o tornam num dos Locais Especiais do Cruzamundos.

Dei com este jardim quase por acaso. Sabia que existia e pensava vagamente em visitá-lo. Tinha lido uma nota de um viajante que referia que para vir até aqui e usufruir dos encantos do local era essencial que estivesse um dia bonito. Ora quando dei comigo num autocarro a caminho do centro, logo no meu primeiro dia em Isfahan, um dia em que o sol brilhava, a temperatura era amena e o céu azul era temperado com farrapos de núvens, sabia que estavam reunidas as condições ideais para visitar o Jardim das Flores. E quando poucos antes do autocarro se deter em mais uma paragem os meus olhos se fixaram numa placa que anunciava o tal Flowers Garden, percebi que estava perante um sinal e que o que tinha a fazer era saltar da minha cadeira e correr para a saída.

Paguei o bilhete e não demorou muito para descobrir que tinha acabado de desembolsar o dinheiro mais bem gasto desta viagem pelo Irão. Uma pessoa entra no recinto dos jardins e compreende que não foi por acaso que os persas construíram uma sólida reputação na arte de bem construir jardins. Na realidade, o Jardim Persa, com uma certa abstracção, encontra-se na lista do Património da Humanidade da UNESCO.

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Apesar de se tratar de um jardim novo, concluído na última década do século XX, sente-se o peso da tradição. O seu eixo central é marcado por um longo lago de mosaicos azuis onde deveria abundar a água, as fontes e os repuxos, mas que fui encontrar basicamente seco, como tantos outros no Irão. Dizem-me que a falta de água no país é responsável pelo esvaziamento de lagos em jardins e casas históricas. Mas não importa…

Daqui para a frente as palavras tornam-se curtas para descrever o jardim. É dividido em sectores, todos eles lindíssimos. O lago, as árvores altas que sobre ele se debruçam, enchendo as suas águas de reflexos que quando visitei usavam as paletes das cores quentes de Outono. Nas suas margens existem recantos desenhados para oferecer privacidade aos que desejem um pouco de paz na sua relação com o local. Mas como o nome indica, as flores são rainhas neste espaço. Mesmo numa época do ano que normalmente não associamos ao desabrochar destas bandeiras de beleza o jardim está cheio delas. É verdade que certas áreas se dedicam com especial incidência às flores, arranjadas das mais diversas formas, sem falta das rosas que povoam os canteiros reservados a estas espécies.

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Existe um jardim japonês e uma estufa onde crescem cactos de todas as variedades. E há uma cafetaria cujas mesas se abrigam sob as copas de árvores que lhes oferecem uma sombra refrescante. É que enquanto uma pessoa se passeia pelo Jardim das Flores pode-se até esquecer que está numa cidade do deserto, rodeada por escaldantes planícies estéreis a perder de vista. E isso dá ainda mais valor a tudo o que se vê neste local abençoado.

Nos cantos deste jardim vi raparigas que pintavam os encantos que as rodeavam e fui abordado por outras, curiosas, desejosas de trocar algumas palavras com o estrangeiro de terras distantes e de lhe desejar uma boa estadia na sua Isfahan. Vi pares de namorados e famílias, grupos de amigas em alegres picnics. Vi jovens com ares de quem estavam numa pausa do trabalho, casais de meia-idade em busca do reacender de uma paixão perdida. Vi gente interessante.

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Informações Práticas

O Jardim das Flores de Isfahan encontra-se aberto todos os dias da semana entre as 7 da manhã e as 7 da tarde, podendo encerrar em ocasiões especiais, nomeadamente nos mais importantes feriados religiosos. Os bilhetes custam 150.000 Rials – cerca de 4 Euros. E se não tem Rials à mão, não se preocupe, costumam estar homens de câmbio à entrada.

Para chegar a Isfahan poderá viajar a partir de Teerão. Terá duas hipóteses: autocarros, com partidas constantes, mas um pouco entendiantes; ou comboio, quiçá numa viagem nocturna que lhe poupará preciosas horas de viagem que serão melhor usadas a explorar a cidade. Para viajar para lá veja na Rumbo os voos mais económicos para o Irão.

A melhor altura para visitar será, como seria de esperar num jardim, a Primavera, quando existem mais flores. Mas o Cruzamundos visitou no pico do Outono e o festival de cores era mesmo assim um espectáculo digno. O Verão, por causa do calor intenso, será de evitar.

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