Tinha acabado de chegar à Indonésia, a primeira visita a esse país, e não estava especialmente entusiasmado com o que já tinha visto de Yogiakarta.

Saí para jantar, o que não correu mal. Já de volta a “casa” parei para comprar um gelado e prossegui caminho. Variei, vim por outra rua. Oh não, outro “Batik Center”, que são aqui como as lojas de tapetes em Marrocos.

Lá estavam uns quantos velhotes sentados no chão… a ver futebol. Logo me chamaram para ver a arte, mas respondi rápido que “a arte não, mas já ver um bocado de futebol é que ia bem”. Pronto.

Claro que sim, que entrasse. Um fez espaço, cedeu-me o cartão onde estava sentado. Que recusei, agradecendo a amabilidade, e sentei-me no chão, ao lado.

O jogo era a meia-final da Taça President. Futebol indonésio. Jogava uma equipa de Java, a favorito dos meus novos amigos, com uma outra de Sumatra. As perguntas do costume e as reacções esperadas. Portugal, claro, país de futebol. Falou-se do incontornável Cristiano Ronaldo mas também de Luís Figo e de Pepe. De Mourinho e do Irão de Carlos Queirós, do bigode desse treinador e de como se dizia bigode e barba em inglês e em indonésio.

O mais falador, sentado ao meu lado, anunciava o seu amor ao futebol, que tinha envolvido uma participação na Selecção Indonésia de Sub17… nos seus tempos, há muitos, muitos anos.

Veio o jarro do café para me servir e foi-me oferecido um cigarro, coisa boa, indonésia, daqueles que “make you fly”.

A conversa já vai nas minhas viagens, mas regressa ao futebol, para falar do bom coração de Cristiano Ronaldo e do menino indonésio que ele adoptou, o famoso, da camisola de Portugal, imagem de primeira página de jornais após o tsunami de 2004. Sabiam que o rapaz joga no Sporting. Sabiam mais que eu, que não fazia ideia. Mas não na equipa principal, sublinham. Na equipa B. Na altura muita gete dizia, com aquele miserabilismo bem lusitano, que o mais certo era o “puto” nem saber que camisola era aquela. Martunis disse para quem quisesse ouvir, que era fã da Selecção de Portugal e do Sporting Clube de Portugal.

Entretanto o jogo estava no prolongamento, era a segunda mão e estava tudo empatado. Quando se esgotou o tempo adicional, vieram os penalties. A equipa de azul falhou um, erro fatal, porque os outros converteram todas as tentativas. O meu amigo ficou triste mas não muito, eu disse-lhe que para o ano havia mais, ele levantou a mão para um “give me five” e ficámos assim. Um a agradecer por terem deixado ver a bola, outros a agradecer pela companhia. Momento daqueles para recordar, ficando só a faltar o registo fotográfico. Até tinha a câmara na mochila, mas não tive cara para pedir.

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