Hoje a pessoa do mundo que vos apresento é diferente. Porque não tem uma história fabulosa por detrás de si nem há nada de verdadeiramente especial para contar sobre ela. Simplesmente era meu amigo, ou eu era amigo dele, nem sei. Sim, é verdade, os leitores não vêm a este blog para ler sobre os meus amigos, mas desta vez, e apenas por esta vez, não me vou importar sobre o que pensam os leitores. O Danilo faleceu ontem, e simplesmente quero deixar-lhe umas linhas à laia de homenagem.

Preparava-me para deixar a praia da Quinta do Lago, smartphone na mão, quando recebo a brutal notícia. “O Danilo morreu”. Eu, que não sou nada dado a estas coisas, dei mais uma dúzia de passos e senti os olhos húmidos, até que uma lágrima se desprendeu e rolou-me face abaixo. Aos 35 anos. Encontrado morto no seu apartamento, na cidade onde o conheci faz uns quatro anos. Lembro-me exactamente do momento. Estava numa festa na cervejaria U Sadu, ele chegou, apertámos a mão. Foi o tiro de largada para uma amizade cimentada com muitas noites de copos, muita loucura. As farras até de manhã fora inúmeras, especialmente no seu local favorito, a discoteca Vagon.

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Danilo, no seu local favorito, a discoteca Vagon, em Praga, na noite de 23 de Maio de 2013. Foi a última vez que o vi.

Danilo era brasileiro e orgulhava-se dos seus antepassados portugueses, do Algarve. Nasceu no Rio de Janeiro. Viveu e morreu em Praga. Levava uma vida de folia interminável, não era capaz de dizer não a uma festa, e adorava mulheres. Por vezes a sua conversa era plena de bazófia, mas ele era assim mesmo, e eu sorria quando o “bragging” começava, pedia-lhe um cigarro, ia buscar mais um par de cervejas para os dois e quando voltava já o tema era outro.

Dele não esquecerei a voz, a maneira de falar, o seu inglês com sotaque brasileiro. Passarão muitos anos, serei velhinho, se lá chegar, e mesmo então serei capaz de o ouvir falar comigo: “- Como é Ricardo, vamo lá ao Vagon?”. E lembrarei aqueles olhos rasgados e pequeninos, de sono e muita cerveja, a sua expressão incrédula após cada noitada, saidos para a rua: “- Puta que pariu, já é de dia”. E depois, a paragem nas pizzas 24 horas, e eu, sempre controlado, a orientá-lo para que ele apanhasse em segurança o eléctrico certo para sua casa. Vou sentir a sua falta. Muito.

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Fazendo o que gostava mais: batucando no parque Letna, em Abril de 2010, numa festa brasileira ao ar livre.

4 COMENTÁRIOS

  1. Agora…já sei quem faleceu!
    O Ruben, só disse que um amigo dele tinha sido encontrado morto.no apartamento.
    Fiquei em suspenso, por sentir que 35 anos…é muito ccdo para morrer e logo pensei, no meu filho. As lágrimas vieram-me aos olhos!
    Não se sabe ainda as causas…mas quais tenham sido, morrer sózinho, não é para ninguém e ainda por cima, fora do seu meio familiar.
    Bonitas palavras de homenagem a uma amizade precocemente interrompida!
    R.I.P Danilo

  2. I had the pleasure of meeting Danilo on two occasions in Prague and he was a very kind welcoming individual, always laughing and smiling, all he spoke about was his love for his home country of Brasil.I am very sadend and shocked by his sudden death.May my thoughts and prayers go out to his family back home in Brazil.Rest in peace Danilo.You touched many people with ur kind heart.
    God Bless.
    Daragh and Bazka, Abu Dhabi. United Arab Emirates

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