E chegou ao fim a viagem, ou pelo menos ao seu último dia. Será outro dia fabuloso, respeitando a tendência do crescendo de qualidade que se manteve ao longo desta semana. Foi apenas meio dia, na realidade, mas valeu por vários.

Ora despertar no paraíso de Malbun. Surpreendentemente não dormi bem, acordado ora com frio ora com calor ora com qualquer outro problema. E eu a pensar que o silêncio absoluta e uma cama confortável me proporcionariam uma noite de repouso total…

Casa de Malbun

Nas calmas, vestir e pequeno-almoço. Uma maravilha de pequeno-almoço! De tudo, ali, disponível, e com grande qualidade. Porque às vezes chegamos a um hotel e a variedade é grande mas depois é tudo de baixa qualidade. Não aqui. O maior problema foi escolher o que comer.

Bem, voltei ao quarto, apreciei a vista, pensei na vida e decidi caminhar até à pequena aldeia imediatamente abaixo de Malbun, um grupo de casas chamado Steg. Tinha reparado nele à subida, pensei que havia ali coisas bastante pitorescas e mais tarde reparei que para ir até lá existia um trilho de caminhada que poderia ser mais interessante do que simplesmente descer os cerca de 3 quilómetros de asfalto de estrada.

E outra casa de Malbun

E lá fui. Gostei logo. Trilho simples de seguir, bem marcado e de dificuldade baixa. Pelo menos no início. Andando ao lado de um regato, logo as coisas se complicaram. No bom sentido. O trilho internou-se na floresta deserta, numa paisagem a duas cores, entre o verde da vegetação e as manchas de neve branca, umas vezes cobrindo tudo, outras com bastantes abertas.

Perdi a certeza do trilho mas logo o reencontrei. Subindo por vezes, também descendo. Não encontrei mais ninguém, talvez porque ainda era bastante cedo. Foi um momento glorioso, com o silêncio e a “solitude” (existe alguma palavra portuguesa equivalente?) que me envolviam, o agradável frio e o ar limpo.

O trilho para Steg

Tinha tomado nota do autocarro que deveria tomar em Steg para regressar ao hotel, e pensei que seria uma gestão de tempo confortável, mas o terreno era tão acidentado e por vezes de progressão tão complicada, que me comecei a preocupar. Precisava mesmo de apanhar aquele autocarro para manter o plano.

Cheguei a um ponto alto e Steg estava aos meus pés, uma fileira dupla de casas rústicas, tudo muito bucólico, com fumo a subir de algumas chaminés, uns quantos carros parados. Claramente é uma comunidade viva.

Aldeia de Steg

Desci a colina pelo caminho bastante inclinado e logo estava lá em baixo, já via a estrada principal e a paragem do autocarro. Comprar bilhete na app. E observar a pequena capela que ali existe. Afinal tinha dez minutos para relaxar. Foi uma experiência super positiva.

E à hora marcada, lá apareceu ele, o autocarro para cima. Em menos de nada estava no hotel. Acabei de preparar a mochila e checkout. Tudo a correr às mil maravilhas. Como combinado o Martin guardou-me a mochila. Tinha comprado um bilhete de dia inteiro para os autocarros do Liechtenstein, e viria a dar bom uso ao investimento.

Segui no mesmo autocarro que me tinha trazido para cima. Ia até uma aldeia a meio caminho de Vaduz, Triesenberg. Tinha-me parecido minimamente interessante.

Mas cheguei a um ponto que não resisti à paisagem e segui uma moça que tinha mando o autocarro parar num ponto afastado de qualquer núcleo urbano vísivel. Afinal ainda estava longe de Triesenberg mas não importava. Dali podia apreciar nas calmas todo o vale do Reno.

Consultei os mapas no telemóvel. Havia um caminho muito tentador até à aldeia. Bem, teria mesmo que caminhar, pois o autocarro seguinte só passaria passado uma hora.

Fui então andando para baixo, sempre por boa mas estreita estrada asfaltada, passando por grupos de casas como se vê na foto acima. Casas habitadas, de gente real. O dia não podia estar melhor, com um céu azul intenso a perder de vista e uma temperatura ideal para estas andanças.

Cemitério de Triesenberg

Cheguei a Triesenberg, espreitei o exterior da igreja local e o seu cemitério mas afinal o núcleo da localidade não era tão interessante como me tinha parecido e de qualquer forma não demoraria muito para passar o próximo autocarro para Vaduz.

Não cheguei ao centro da capital do Liechtenstein. O que eu queria ver era um pouco antes e implicava uma breve caminhada: a antiga ponte de madeira sobre o Reno. Uma estrutura antiga muito interessante, coberta, que tresanda a História.

A antiga ponte sobre o Reno

Atravessei a ponte, fiz uma paragem para merendar do outro lado, já na Suíça, saboreando mais uma das sandes que tinham viajado comigo desde St Gallen enquanto observava a ponte e as águas transparentes e algo azuladas do rio.

Voltei a entrar no Liechtenstein e caminhei até ao centro de Vaduz. Iria apanhar o autocarro para Malbun mas antes havia tempo para espreitar a catedral. No exterior um pequeno grupo de gente bem vestida estava por ali para celebrar qualquer cerimónia.

O último adeus a Malbun, um pouco antes.

Passei no pequeno centro histórico de Vaduz e fui para a paragem do autocarro. Na véspera, um pouco mais cedo, tinha começado ali a minha estadia no Liechtenstein, mas parecia bastante mais tempo.

Voltei ao hotel, pedi a minha mochila e preparei-me para o longo caminho de regresso a casa. Quando acordei nesse dia não imaginaria que poderia fazer tanta coisa nos Alpes e vir dormir a Faro.

Centro histórico de Vaduz

Primeiro, autocarro para Vaduz. Na realidade, para uma paragem antes de chegar ao centro, onde as carreiras se cruzam. Depois, outro autocarro para Sargans. Uma certa confusão na estação. Uma voz anúncia qualquer coisa que provoca alguma comoção na multidão. Os monitores já me pareciam ter alguma mensagem de aviso. Passa-se alguma coisa mas nunca perceberei o quê, pois um comboio para a estação central de Zurique chegou pouco depois.

O comboio vinha bastante cheio e não parou em mais nenhuma estação, rolou directamente até Zurique. Trata-se de uma estação com, penso, 37 linhas, e quis o destino que o meu comboio parasse precisamente em frente à plataforma da minha próxima ligação, para o aeroporto.

E pronto. Muito a tempo de embarcar estava no aeroporto. Na realidade com tempo demais, já que o voo da Easyjet com destino a Faro estava atrasado uma hora. Já o sabia, pois tinha recebido uma notificação logo pela manha.

Depois de um voo sem história, cheguei a casa.

 

 

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