Dia 13 de Fevereiro

Sair de Bandipur foi algo aventuroso e também emotivo. Tinham sido dias idílicos, de harmonia. À despedida, depois do pequeno-almoço, fomos surpreendidos com uma coroa de flores e a tinta necessária para colocar na nossa testa aquela pinta hindu. Agora somos da família, dizem elas, e uma cerimónia de despedia impõe-se.

A despedida foi difícil, com muitas promessas de amizade e votos de boas sortes. A anfitriã insistiu em nos trazer até ao autocarro para Dumre. E assim ficou a aldeia para trás, abria-se um novo capítulo desta viagem.

Em Dumre fomos catados por um tout da espécie mais chata, persistente como o raio. O seu modo de vida é ganhar uma comissão do transportador do estrangeiro, para onde quer que este se dirija, e com sorte também uma gratificação de quem é assim manipulado.

Não fomos clientes fáceis da mesma forma que ele não foi um intruso simples de afastar. Os autocarros que passavam para Kathmandu vinham cheios ou com lugares muito maus. Recusei um onde ele queria encaixar-nos em lugares que mal consegui vislumbrar, lá para trás da viatura.

O tempo passava – não que tivéssemos qualquer pressa – e não havia uma solução. Até que de repente tudo se resolveu com uma simplicidade incrível. O tipo descobriu um senhor que ia para a capital e que procurava passageiros para cobrir a despesa do combustível e fazer um extra. Primeiro seria o mesmo valor que o autocarro, depois queria mais. Uma negociação firme e a coisa chegou a acordo. Pelo valor do transporte público viemos confortavelmente, como se fosse um táxi, com mais duas pessoas a partilhar o habitáculo.

Foi uma santa viagem, uma espécie de milagre. E afinal o tout prestou um serviço de valor.

Como seria de esperar o condutor deixou-nos num lugar diferente do combinado, implicando uma pequena caminhada até ao nosso destino, que não era mais do que o hotel onde tínhamos pernoitado anteriormente. Desta vez o quarto não era tão agradável, mas sem stress.

Passámos o resto do dia a descontrair, passeando por aquelas ruas movimentadas, cheias de lojas com artigos interessantes, a absorver o ambiente. Sente-se o frenesim de uma base de aventureiros. Gentes que chegam ou partem para expedições nos Himalaias. Ocidentais exóticos, partygoers.

Voltámos ao restaurante local que nos tinha encantado e que mantinha o mesmo charme. Comprei meias de caminhada, uma camisa de linho, tratei da lavandaria. Coisas assim, necessidades de viajante. Um dia agradável, a última noite no Nepal. Depois de acordar, para o aeroporto, para um país novo… Bangladesh à vista.

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