O dia começou bem a meio da noite, com o despertador a chamar pelas quatro da manhã. A extravagância desta viagem ocorria agora, um safari fotográfico ao parque nacional de Yala, lar da maior população de leopardos do Sri Lanka, talvez mesmo do mundo.

O guia e condutor seria o próprio anfitrião, o proprietário do Riverside Cabana. E à hora combinada lá estávamos, para nos juntarmos aos outros participantes, apenas um casal britânico, que a viatura tinha quatro cadeiras confortáveis montadas no espaço da caixa. Lá dentro, ao lado do condutor, um senhor alemão que se encontrava no Sri Lanka a fazer um voluntariado na área da oftalmologia e com que só falei um pouco na única pausa do safari.

De Tissa até à porta do parque de Yala são uns 30 minutos, noite dentro, com o vento a bater e a causa um pouco de frio. Paramos. O anfitrião vai comprar os bilhetes. Pouco depois estamos defronte do portão e quando se abre somos o terceiro carro a entrar.

Mas nem essa posição privilegiada serviu de vantagem. O safari foi um fiasco, com um breve mas intenso contacto com elefantes mas sem nenhum leopardo avistado. Claro que com este tímido felino nunca há garantias, mas para as oito horas que estive fora, nesta expedição, os resultados foram muito magros: uns javalis, uns veados, uns crocodilos ao longe, passarada, pavões. E elefantes. Para isto, paguei 35 Eur, que para mim é uma boa quantia de dinheiro, que não posso gastar de ânimo leve. E gastei meio-dia e levei muita porrada no corpo naquele todo-terreno.

 

A única coisa positiva foi de facto o encontro com os elefantes. Eles andavam ali, e o guia, experiente, adivinhou-lhes as andanças e parou num ponto em frente ao qual não tardou para que os paquidermes entrassem na estrada. Uma fêmea e crias. Um pequeno grupo, que se dirigiu a nós com passo calmo. O condutor meteu uma marcha atrás e foi recuando devagar. Os elefantes caminhavam de frente para o carro, que ia retrocedendo. Logo chegámos a uma aberta que tinha um lago do lado direito e os animais passaram por nós, a uns três metros de mim e foram entrando na água para um banho de lama. Fabuloso!

Depois deste episódio a rotina regressou e não se passou nada de mais. Muitos quilómetros em terra batida bastante esburacada para nada. Para trás e para a frente. O guia bem se esforçou, com muito mérito, mas naquele dia nem a sua mestria resultaria. De resto, a frustração estava estampada nos rostos dos condutores que se cruzavam connosco e com quem o nosso ia trocando umas palavras em busca de uma dica. Mas nada. Leopardos nem vê-los e outra bicharada, pouca.

Pessoalmente não recomendo este safari. Já ia com pouco entusiasmo e apesar das expectativas baixas, a experiência foi ainda assim frustrante. Tempo, conforto e dinheiro gastos, quase deitados à rua. O parque é demasiado concorrido, há centenas de viaturas e os bichos, claro, evitam-nos facilmente. Se fosse eu faria o mesmo. É fácil para eles, o parque é feito sobretudo de matos, com poucas abertas, e as viaturas ficam numa posição estrategicamente desfavorável. Várias pessoas me disseram que não é muito boa ideia visitar este parque precisamente por causa disto. E também porque as dimensões da área permitem a dispersão dos animais, que se encontram mais concentrados noutros.

No regresso descansámos um pouco e retemperadas as forças fomos até Kataragama, uma cidade a cerca de 20 km a norte de Tissa com uma vertente religiosa importante. Primeiro um autocarro local tomado ali mesmo na estrada principal, perto de casa, até à estação rodoviária e de lá um outro para Kataragama, para onde se seguiu no meio de grande animação musical, imprimida à viagem por uma enorme televisão suspensa no interior do autocarro onde iam passando videoclips locais.

Foi assim em grande estilo que se chegou a Kataragama. A direcção dos templos era evidente, mas logo um senhor simpático como tantos outros que ao longo desta jornada pelo Sri Lanka encontrámos, disse que os templos não abririam antes das 17:30. Tudo bem, podemos esperar. Fomos andando. Chegámos ao rio, onde uma pequena multidão de banhava. Muçulmanos, hindus e budistas em harmonia. Fomos as estrelas por um momento. Várias pessoas vinham falar connosco, fazendo perguntas variadas, falando um pouco de si. Foi interessante.

Chegaram as 17:30 e começámos por entrar na zona muçulmana, onde não se passava nada de significativo. Fomos então para os templos budistas, onde muita gente andava. Ofereceram-nos ritualmente frutas e pudemos observar sem compreender uma série de pequenos actos cerimoniosos.

Os macacos da zona são impagáveis, lá está, cheio de macacadas. Foi divertido vê-los a aparecer de onde menos se esperava, mesmo na zona mais agitada da cidade, descendo de uma árvore, fintando o trânsito com movimentações rápidas, para subirem a outra, do outro lado da rua.

A noite entretanto começava a cair e apesar de as orações nocturnas que se iniciam às 18:30 serem muito procuradas pelos turistas (e talvez precisamente por causa disso), dirigimo-nos à estação de autocarros. Chegava de fervor religioso para o dia.

Descobrimos rapidamente a viatura certa, que nos deixou na estação de Tissa. E depois cometemos o erro de ir para casa a pé pela estrada que parecia mais evidente. Não foi o fim do mundo, mas foram quase 3 km por uma estrada quase sem luz, com algum trânsito e não foi agradável. Comprámos alguns bolos secos antes de recolher aos aposentos.

 

 

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