O voo era bem cedo. Descolagem às 7:10, cumprida à hora com a eficiência Air Asia. Duas horas e pouco de voo, aterragem em Brunei. Um pequeno aeroporto, quase provincial. Uns seis aviões da companhia aérea local na placa, que observo enquanto entro para o terminal. Tudo é simples e em poucos minutos estou a trocar dinheiro antes de sair para a rua.

A minha anfitriã AirBnB devia estar à minha espera, mas obviamente está atrasada, porque não a vejo. Esperar. Meia hora depois lá aparece, com o meu antecessor. Vamos a uma feira de livros e depois ao centro da cidade. Um mercado, pequeno, sem alma, abrigado numa estrutura moderna. Depois sentamo-nos num local onde se pode usar wi-fi gratuitamente durante 30 minutos. Enquanto ela espera um pouco vou espreitar uma das duas grandes mesquitas da cidade. Está uma luz óptima para fotografar e consigo obter boas imagens do local.

Para lá e para cá passo por um mercado de rua que acontece aos domingos de manhã, quando a cidade fecha aquela via ao trânsito rodoviário.

Agora vamos para casa e, sinceramente, pelo que vi, não tenho pressa para sair outra vez. Fico no quarto, descanso. É um belo quarto, muito confortável. Acabo por adormecer, para acordar um pouco mais tarde com risos e conversa. Parece que a minha anfitriã tem visitas. Junto-me ao grupo, conversamos um pouco, boa conversa, de qualidade, sobre viagens, informação, gestão de informação. Coisas assim.

Eles vão saindo, um a um, fica uma mulher que depois venho a saber que é irmã da minha anfitriã. A tarde chega ao fim e vamos ao mercado de comida que é bem conhecido em Brunei. Lá como um hamburguer, compro bananas e um saco de fruta exótica e despacho uns churros. Está feito um dia. Em casa regresso ao confortável quarto, leio, tento colocar a escrita em dia e adormeço relativamente cedo, pelas dez e tal.

8 COMENTÁRIOS

  1. Tenho adorado as narrativas das suas viagens. Um sonho meu que ainda não se tornou realidade, mas a esperança de um dia largar tudo e viajar o Mundo, tem sido teimosa o suficiente para nunca morrer. A razão é obvia pois a sua Natureza é tão maravilhosamente misteriosa, impar, bela; tão bela de nos tirar a respiração, de nos deixar sem palavras para descrever os sons e os sabores, os cheiros e as cores o tacto e até o silêncio…
    Nunca se deveria morrer sem antes Mundo ver, mas ver com olhos de ver, assim como um cego ” vê “, com todos os sentidos apurados e os sentimentos ao rubro, tanto que, nos deixa a pele arrepiada.
    E o belo é tão belo, assim como o seu contrário pode ser traumático. Ambos coexistem. Afinal, tudo tem o seu lado oposto…
    Talvez um dia meu sonho de conhecer o Mundo se torne real, mas até lá, terei, para ler, suas histórias fascinantes e deslumbrantes, curiosas e hilariantes, para poder sonhar acordada.

    • Adorei este comentário, ficando curioso sobre duas coisas: porquê essa impossibilidade de tonar o sonho realidade e sobre a ironia de um comentário tão bonito aparecer associado a um dos dias de viagem mais desinteressantes que já conheci 🙂

      • Heheheheheee… good questions, indeed!!
        Tenho lido outras narrativas das suas histórias há maos tempo que, além de serem muitíssimo divertidas, são um montão de informação para absorver. Mas só quando li Brunei, me deu vontade de deixar um comentário e vou ser sincera, senão isto…não tem graça: eu nunca pensei que tivesse resposta. Sem querer exagerar, devo confessar que fiquei mesmo muito contente.
        A outra pergunta que diz respeito ao receio de meu sonho de viajar o Mundo, é por não saber viajar com sabedoria, o que raio quer isto dizer, já que viajar com sabedoria, é tão vasto mas explico rápido: viajar com o tal “desafogo financeiro” (palavras suas)é fácil. Mas a sabedoria de viajar para mim, não só é viajar com o mínimo de bagagem, mas sobretudo saber movimentar-me sem ter que gastar muito dinheiro e tudo por causa de confortos desnecessários. Só descobri isso depois de ter passado algum tempo no arquipélago de São Tomé e Príncipe, (há cerca de 12 anos atrás), cheguei a levar botas de stilletos bem altos, casacos de couro, camisolas de lã, vestidos de veludo, perfumes e cremes com fartura, montes de make up…enfim, esta retardada, não sabia mesmo para onde ía, embora soubesse do clima tropical, mas o meu problema foi incredibilidade e ignorância pura e absurda e mal saí do avião e senti o cheiro a terra húmida, e vi tantas tonalidades de verde numa ilha aparentemente tão pequena, faltou-me a respiração…para não fugir ao que anteriormente disse (escrevi) a obvia solução foi reduzir tudo a um par de calções manter as t-shirts, vestidos simples, calças de ganga, par de chinelos, sapatilhas e as benditas botas de montanha que me protegeram os pés de um montão de bichinhos rastejantes e saltitantes, que por lá abundavam e adoravam entrar na pele e por lá “desovar”, um nojo…adiante…
        As suas narrativas estão a ensinar-me que tendo pouco dinheiro, experiência e esperteza se pode viajar e deslumbrar e por fim, também estive em Brunei mas achei muito menos interessante que o Ricardo Ribeiro achou. 😉

        Continuarei a ler e divulgar suas histórias que penso, me ajudarão a tornar meu desejo real.

        • Uma temática muito interessante, por mexer com tantos conceitos difíceis de definir.

          De qualquer forma, se as minhas histórias são “divertidas”, essa chegada em grande estilo a São Tomé não o é menos 🙂

          Sim, conheço essa bicharada adorável que gosta de entrar na pele da sola do pé deixando depois as crias a engordar lá dentro.

          Já agora, não sei como é que alguém poderá achar o Brunei mais desinteressante do que eu achei. Para mim o Brunei deve ser o país mais desinteressante do mundo, batendo o Chipre aos pontos, que até agora ocupava essa posição no meu ranking.

  2. Olá! Reli meu mail e tem toda a razão eu fui muito subjectiva, ou se preferir nada clara. Por isso devo clarificar isto melhor. É que, cada vez que escrevo, vêm-me à ideia tantas coisas, que acabo perdendo-me contando coisas menos importantes ou trivias que apesar de serem triviais por vezes pteviso de escrevê-las pata poder explicar melhor o contexto da coisa 🙂

    Então muito resumidamente (dizer muito com poucas palavras é sempre o mais difícil, mas juro que vou tentar)

    Primeiro, fartei-me de rir com a comparação que fez entre as suas narrativas que eu achei montes de divertidas, com a minha atabalhoada ida para São Tomé com roupas de Inverno, perfumes (que atraiem ainda mais, o mosquito da malária) e make up…etc.) aqui quero clarificar que são montes de divertidas porque dou-me conta que estou a rir em “alta voz”, ou seja, rio-me para fora e não para dentro e isso só pode ser uma desbunda que provoca bons momentos, para mim.
    Caramba, bem o avisei que não sei resumir e ainda só vou na primeira parte do que lhe quero dizer (escrever). Mas adiante.
    Segundo, quando fui rumo a São Tomé vendi a porcaria do carro que ainda rendeu 4mil € e tinha dinheiro de lado, com o objectivo de montar um restaurante, não sei se ainda lá está…fica numa zona chamada de Pantufo (adoptei um cão e em vez de lhe dar o nome ridículo de pantufas ou pantufo, optei por dar-lhe o nome Pan..(.entretanto foi atropelado por um daqueles taxistas com taxis amarelos e que fazem dos carros, autocarros. Eu pedia um taxi e ao fim de 5 minutos estava a sentir-me como uma sardinha enlatada, numa dessas viagens vi que faltava a manivela para abrir a janela e achei montes de engraçado o taxista passar-me uma manivela que ia desencaixando consoante a janela que pretendia abrir, e então encaixei a manivela, abri a janela e o condutor, pediu-me a manivela, dizendo que aquela era a única que restava, porque as outras tinham desaparecido ou tinham sido roubadas…não interessa LOLOL… (pronto já fugi ao tema principal). Adiante. Nessa zona do Pantufo que fica mesmo frente ao mar depois de cerca de 2 anos a explorar o restaurante que também alugava 12 quartos, juntei dinheiro suficiente e entusiasmada, quis montar, a par, outro negócio e pedi a um expert, um artista, pois conhecia e trabalhava bem a madeira, pedi para me ajudar a desenhar e construir um barco (seria construído em terra como todos os barcos, mas nunca entraria no mar) teria que ser o suficientemente grande para se tornar num Bar, para os turistas beberem uns copos, petiscarem no rés do chão, ouvirem música e ainda podiam subir ao convés por uma escada de caracol, para olhar as estrelas e dançar. Gostava muito de saber se ainda lá está, pois nunca o cheguei a inaugurar porque, parva que sou, ao fim de lá estar cerca de 5 anos, apanhei malária e tive que voltar a Portugal, tencionava regressar, mas o santomense, de 76 anos de idade… ( era como fosse o godfather do local…heheheheheee )…e que me alugou o local para eu explorar, mal me viu fora, mandou um dos 27 filhos que tinha tomar conta do “business”. (Caramba 27 filhos…Mas essa é outra história que, se lhe interessar hei-de contar, pois é hilariante).

    Mudando agora, creio que esta é a parte terceira, quando lhe disse que não sabia viajar com pouco dinheiro, mas que no entanto fui aprendendo a desfazer-me das futilidades materiais, porque se são fúteis, então são igualmente desnecessárias. Mas ainda não sei viajar com pouco dinheiro, ou melhor podemos ter muito dinheiro mas se gastamos só o estritamente necessário, então isso para mim é saber viajar com esperteza e/ou sabedoria e é o que tenho vindo a aprender com as suas narrativas.

    Por fim, pois não me admiro que já deva ter adormecido a ler este meu longo “testamento”,as o que vale é que pode ser lido por partes :-D. Por fim, no Brunei, foi desinteressante porque fui assaltada por um tipo que não tinha aspecto de ladrão, mas quem vê caras não vê do que uma pessoa é capaz ou o que pretende. ( isto foi só para não banalizar a frase com aquela que toda gente diz que ” quem vê caras, não vê corações”)

    Pronto, pronto, por fim já acabei o que lhe queria clarificar. Quanto ao roubo até foi uma experiência interessante de medo absoluto e pânico total. Se falarmos nessa parte, então sim, foi mais interessante que a sua passagem por Brunei. 🙂

    Boas viagens 😉

      • Olá! É bom receber seus mail’s. Mas…desta vez não sei o que se passou
        pois não recebi seu mail… 🙁
        Vou rebuscar a minha caixa, porque por vezes, eu sou uma azelha com as “devices” tecnológicos.

        Não querendo abusar do seu tempo, será que me poderia reenviar?
        Quando puder, claro. Presumo que não deve ter tempo para ler a catrafada de coisas que lhe contei e que me aconteceram nas poucas viagens que fiz.

        Ok. Então, até breve.

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