Também à Albânia chegaram os ventos de mudança que sopraram por todos os países comunistas naquele início da década de 90. O velho ditador Enver Hoxha, no poder desde o final da Segunda Guerra Mundial, havia emtregue a sucessão a Ramiz Alia, mas com o dominó que arrasou os regimes totalitários no Leste Europeu, caiu também o da Albânia. Como nos outros, os símbolos da ditadura foram escrupulosamente eliminados, deixando um passado quase sem testemunhos. As foices e martelos desapareceram da face destes países, e onde anteriormente as estátuas de Lenine se encontravam, foram substituidas ou simplesmente removidas.
Como cresci na fase final da Guerra Fria tenho uma atração quase obsessiva por vestígios dessa era extinta. Onde quer que vá em países que faziam parte da esfera de influência comunista, procuro traços do passado que raramente encontro, especialmente fora da antiga URSS. A Albânia não foi excepção. É certo que existem os famosos bunkers, que deixarei para um outro artigo, mas fora esses monos nada mais.
Naquele dia caminhava pelas ruas de Tirana, tinha acabado de passar junto à entrada principal de um museu cujo nome não me lembro mas que era um dos grandes museus nacionais. Passo junto a uma entrada de serviço, olho, continuo a andar e de repente faz-se luz… mas o que é aquilo que acabei de ver!?
Volto atrás, e esfrego os olhos… é mesmo… não estou a sonhar, estão perante mim cinco esculturas do tempo comunista, mas uma é especialmente interessante: a que representa Joseph Estaline. E é-o porque o ditador soviético caiu em descrédito muito antes do colapso da URSS e dos seus aliados, e todas as referências ao antigo lider foram apagadas de forma ainda mais metódica que após as quedas daqueles regimes.
Arrisco entrar naquela área, obviamente reservada, mas ninguém aparece para me barrar o acesso. Viva! Posso fotografar à vontade. Para melhorar as coisas está uma motorizada parada frente às estátuas, que confere às imagens um sentido de escala precioso. Tirei umas quantas fotografias, mas apesar de tudo estava algo tenso por estar ali sem autorização. Esta que hoje vos apresento foi a que saiu melhor, com um enquadramento correcto um white balance adequado. Acho interessantissimo o contraste de dimensões. Lenine e Estaline são enormes, e depois há uma espécie de combatente socialista anão, um outro também pequeno e uma figura feminina representando as mulheres guerrilheiras da Segunda Guerra Mundial, enquadradas na organização comunista que acabou por ocupar o poder findo o conflicto.