No segundo dia em Vilnius diverti-me. No fundo mais não foi do que visitar os locais que me tinham fascinado durante a anterior visita, mas gosto tanto desta cidade que foi um enorme prazer revisitar tudo isto.
Quando despertei olhei imediatamente para a janela, ansioso para ver o que o tempo me reservava para aquele dia. Não estava mau de todo, e assim iria permanecer… céu parcialmente coberto. Considerando os últimos dias, um luxo!
Mesmo assim ainda preguicei um bocado. Não sentia nenhuma urgência em sair, e, de facto, já passava das onze horas quando me pus na rua. Dia 9 de Maio. Dia da Vitória, isto é, para o ex-mundo Soviético. Vitória sobre a Alemanha em 1945. Mais uma vez estou no local errado… tivesse-me eu apercebido da importância da data e teria antecipado em 24 horas a minha chegada a Minsk, onde as comemorações da ocasião são monumentais. Em Vilnius nada de se passa. Mesmo assim o Martynas sugeriu-me visitar um cemitério de guerra que havia não muito longe de sua casa, mas infelizmente não consegui dar com ele. Depois de dar umas voltas desisti e fui caminhando em direcção ao centro, por uma rota que não conhecia.
Por fim cheguei ao centro, que assim como assim não é muito distante da casa dos meus amigos… talvez 2 ou 3 km, uma meia-hora a andar. Não vou descrever detalhadamente todos os locais que revisitei… mas, em suma, passei pela praça da catedral, talvez o centro turístico de Vilnius e, por coincidência, o ponto que menos me agrada, depois andei pelas ruas da cidade antiga, detendo-me na adorável “parede dos escritores“. Depois, uma incontornável visita a Uzupis, uma república “independente” no seio da capital lituana. No fundo foi uma tarde passada nas calmas. Andando para onde o vento me empurrava, espreitando aqui e acolá. Apesar de não chover havia demasiadas núvens lá em cima, e de facto as coisas tinha parecido mais atraentes na minha anterior visita, quando apanhei dias de sol e céu inteiramente azul.
Ainda tive oportunidade de descobrir alguns pontos novos para mim. Subi a um miradouro que oferece uma vista priviligiada sobre a cidade, o que de resto não é raro, considerando a morfologia irregular que envolve a baixa de Vilnius. Vi que numa área que em 2012 se encontrava vedada nasceu agora um bonito parque urbano. Há flores, muitas flores. E gente, positiva, muito mais positiva que os materialistas vizinhos estónios.
A meio da tarde fui-me encontrar com outros amigos lituanos, na realidade só duas moças, que o respectivo de uma delas não é uma criatura social, e o outro, com muito pesar expresso, tinha sido chamado para um trabalho inesperado. O ponto de encontro era num pub que tinha sido o meu favorito há dois anos atrás, e que mantém toda a qualidade. Foi bom rever estas caras conhecidas, que tinha visto pela primeira vez não aqui, mas, vá-se lá imaginar, numa aldeia perto de Girona, na Catalunha, onde tivemos um jantar memorável, durante o qual não pararam de aparecer especialidades lituanas, trazidas para cima da mesa a partir de um saco mágico, sem fundo, que estes meus amigos tinham com eles.
Pelas 17 horas o Martynas ligou-me e veio ter ao pub. As minhas amigas tiveram que ir, e nós os dois fomos passear um pouco. Juntaram-se-nos o cunhado e respectiva cara-metade e, ainda mais tarde, a Viktorija, e juntos fomos percorrer a cidade. Foi bastante divertido. Um dia em cheio.
A noite não foi longa. O Martynas tinha que trabalhar no dia seguinte e eu tinha um comboio que apanhar muito, muito cedo. O bilhete, esse já tinha sido adquirido pelo meu amigo, há umas semanas atrás, só para ter a certeza que não existiam surpresas de última hora.