Este foi um dia maravilhoso. O dia perfeito de viagem, sem nenhum problema, apenas os muitos prazeres da descoberta de uma cidade lindíssima.

É Domingo, as pessoas estão na rua. Sinto-as da minha janela quando olho o vale. A luz está magnífica e há uma tranquilidade nas imediações. O “meu” bairro ainda dorme, afinal de contas é bastante cedo. Mas tenho vontade de sair, explorar, conhecer.

Descemos a colina. A padaria já está aberta, compramos qualquer coisa para mais tarde, se for caso disso.

Vamos procurar opções para passar a próxima noite. Espero que sendo Domingo não se repita a festa da véspera mas não quero passar pelo mesmo. Tinha tomado algumas notas depois de procurar o que havia disponível no Booking.com e dar uma vista de olhos a estas propriedades foi uma boa desculpa para caminhar por uma outra zona da cidade, não muito próximo, igualmente encantadora, também próximo do centro.

Aqui a subida é mais ingreme. De repente, de forma casual, damos com uma das entradas para o maravilhoso mundo dos túneis de Guanajuato. A estrada perde-se nas profundezas da colina.

Descobrimos a tal casa. Pois, não sei. Se calhar não. Vamos arriscar mais uma noite onde estamos.


Descemos para o centro, encontramos uma praça encantadora. Uma senhora tem a sua banca ali armada. Compro-lhe um sumo à laia de pequeno-almoço. Sentamo-nos num banco. Do outro lado o padeiro avia uns cavalheiros. Numa rua ali ao lado vendem comidas fumegantes.

Já anda por ali muita gente nestas lides matinais. Bem, vamos. Apanhar a rua principal, segui-la, quase até ao fim, vamos ver o mercado clássico de Guanajuato. Chama-se Hidalgo. O edifício data do início do século XX e tem uma particularidade: foi construído como estação de caminhos de ferro, que nunca chegou a ser.

O exterior é majestoso. Do outro lado da rua encontra-se uma bonita igreja. Quanto ao interior, não me convenceu, mas a verdade é que pouco se passava, as bancas estavam quase todas fechadas, não sei se por ser Domingo ou se por ainda ser demasiado cedo.

A paragem seguinte foi o Museu Regional de Guanajuato, ali próximo. Está instalado num edifício histórico. Concebido como silo de cereais, entrou para os anais da história do México devido à batalha que ali teve lugar no contexto da Guerra da Independência. Foi o seu portão que o mineiro Pipila, figura omnipresente da cidade, mandou pelos ares, permitindo a sua conquista e a chacina dos espanhóis que se encontravam barricados no seu interior. O museu não impressionou, mas a visita valeu mesmo assim a pena.

No regresso mais uns recantos explorados, praças cheias de vida, ruelas coloridas. Uma paragem numa casa de gelados antes de rumar a casa para recarregar baterias. A manhã ainda ia a meio e já tanto tinha sido feito…

Um período de descanso, sempre inspirado com aquela vista fabulosa da cidade, e depois da hora de almoço de novo nas ruas para explorar mais.

Em princípio, se a informação que nos deram estivesse certa, seria possível visitar o interior do Teatro Juarez. E estava! Por um preço simbólico recebemos um bilhete para a visita livre. O grupo entra ao mesmo tempo mas depois tem autorização para se dispersar, apesar do tempo disponível estar limitado.

Uma visita maravilhosa, altamente recomendada. Ou então sou eu que tenho um fraquinho especial por estes teatros clássicos.

Logo à entrada, começa-se pelo antigo bar do teatro. Depois deambula-se pelo resto, com algumas limitações, talvez devido ao COVID (mais uma vez, como se fosse mais perigoso visitar este corredor do que aquele outro… esta sala do que a do lado….).  Mas o essencial está lá. Podemos visitar alguns camarotes, obtendo uma perspectiva global da sala. E depois, já no fim, entrar pela porta da plateia e ver aquele balcão magnífico bem de frente.

No exterior o Domingo está ao rubro. Os artistas dos desenhos no asfalto ultimam as obras iniciadas na véspera. No palco de rua a animação prossegue.


Andamos para cima e para baixo. Em frente às igrejas há pequenas multidões, gente vestiga a rigor, talvez convidados de casamento ou de um qualquer baptizado.

Procuramos um sítio para comer. Vamos acabar por almoçar, um almoço a meio da tarde, na mesma praça onde ontem jantámos.

E neste dia já não se passou muito mais. Fomos andando para casa, chegámos quase a tempo de ver o pôr-de-sol, mas se não vimos o disco dourado a desaparecer foi mesmo assim possível contemplar Guanajuato com as cores alaranjadas que se iam escurecendo.

Desta vez não houve festa em casa dos vizinhos. Ainda algum barulho ao serão, mas foi possível dormir razoavelmente bem.

 

 

 

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