Esta foi um dia simples mas intenso: tudo girou em redor da visita ao Museu Nacional de Antropologia. É o grande museu da Cidade do México, a joia da coroa, e merecidamente. Sinceramente não ia com grande entusiasmo. As civilizações pré-Colombianas nunca me entusiasmaram, nem nos meus tempos de universidade, quando representavam uma opção entre as diversas cadeiras disponíveis. E além disso, museus também não são bem a minha onda… é preciso que o tema me interesse e que não tenha muito mais para fazer.

Dito isto, lá fomos, pela manhã. Mais um Uber, sempre a funcionar bem aqui na Cidade do México e vamos até lá.

O edifício é impressionante. Uma atracção por si só. Não está muita gente para entrar. Mesmo em tempos de paranoia COVID o processo de admissão é simples e rápido. Num instante estamos no pátio central, uma ampla área dominada por uma coluna gigante enriquecida por um fantástico efeito de água.

E a partir dali foi visitar. Sala após sala. As primeiras mais focadas nos aspectos antropológicos, com dioramas em tamanho real representando cenas da vida de tribos  do território mexicano, passadas e presentes. Salas dedicadas a regiões, a grupos étnicos, com belas vitrinas de exposição, tudo muito bem arranjado, com padrões de qualidade elevado.


Depois entrámos numa nova área, composta por diversas salas dedicadas às civilizações nativas pré-Colombianas. Ali encontram-se peças de deixar qualquer um de queixo caído. Mas não são só as grandes peças que garantem a qualidade da exposição. As salas sucedem-se e cada uma causa admiração. É de facto um museu magnífico, indispensável, e a sua visita foi um dos pontos mais altos daquela que de qualquer forma já era das paragens mais interessantes destas semanas pelo México.

Tinha entrado no museu sem saber que iria demorar várias horas a visitá-lo. Tinha contado com uma hora, foram quatro. Já estava bem na hora de almoço. Há uma cafetaria no próprio museu mas os preços são altos e tem aquela coisa obsessiva de só ter menus online, por QR code e tal. Boicoto qualquer restaurante que o faça.

Saímos do museu. No exterior uma trupe recriava uma antiga cerimónia que ainda hoje se práctica em algumas regiões remotas do país: a Danza de los Voladores.

Estavam a acabar um espectáculo. Mesmo ali em frente, uma série de “rulotes” vendiam comida e bebida. Que conveniente! Encomendei uma “torta”, aquelas ricas sandes mexicanas que me encantaram e enquanto a comia pude assistir à performance daqueles homens que se elevam nos céus, como que voando, enquanto um deles toca uma flauta, enchendo o ar com um som enebriante.

Agora era regressar. E mais um Uber até ao Hotel Posada Viena, para uma tarde repousada. Visitar um museu durante quatro horas é uma actividade fisicamente cansativa e só para o final da tarde tornámos a sair para uma passeata na avenida da Reforma.

Desta vez ao chegar ao Paseo virámos à esquerda, para explorar um segmento que ainda não tinha sido visitado. Fomos até ao Angel de La Independencia, um imponente monumento coroado por uma figura dourada de um anjo.

Vimos muitas coisas interessantes neste passeio. Em frente ao monumento um polícia olhava o trânsito. Sem desprimor para o senhor, certamente muito honrado, devo dizer que correspondia ao estereótipo do baloufo e mal ataviado polícia corrupto mexicano.

Ali próximo comprei um bonito e colorido casaco de lã, para substituir o meu casaquinho Decacthlon, perdido nos primeiros dias da viagem, em Puebla.

Há uma feirinha de produtos diversificados. Não se vêem turistas. A Cidade do México será talvez demasiado grande para que se note a pressão do turismo. Aqui e acolá pode-se avistar um estrangeiro, mas são quase sempre residentes que ali trabalham.

Do outro lado da avenida, há um ajuntamento de pessoas, com o epicentro num pequeno parque urbano. E o que vi foi algo de extraordinário: aquele canto da cidade parece ser uma espécie de zona franca para o consumo de marijuana. Pessoas de todos os tipos, aparências, segmento social, estão ali a fumar o seu charro. Centenas. Grupos de jovens, homens de aspecto agarrado, jovens modernos, bicicleta ao lado, como se tivessem saído agora do seu espaço de trabalho na Google, senhoras de ar respeitável…  fabuloso!

E pronto, voltámos para casa, para sair um pouco mais tarde e voltar a jantar no nosso pouso favorito, da Praça de Washington.

 

 

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