Este último fim-de-semana foi de grande azáfama para o Cruzamundos. Nada mais nada menos do que três eventos de caminhada! No Sábado, com o IV Festival de Caminhadas de Alcoutim, e logo em duas das actividades organizadas. E depois, Domingo, logo pela manhã, na Rocha da Pena – Loulé, num passeio interpretativo das plantas na zona de de Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena, organizado pela Câmara Municipal de Loulé.

Portanto, o programa iniciou-se Sábado bem cedinho, que daqui até à pequena aldeia de Monte Vascão, ponto de encontro para o passeio Aventura no Baixo Vascão ainda são quase 100 km. Chegámos a bom tempo, ainda esperámos pela reunião do grupo, a que se seguiu um breve briefing e o início da caminhada. O clima estava ideal, como o esteve durante todo o fim-de-semana, com céu bem limpo, temperatura moderada, mais fresca no período inicial do dia e aquecendo gradualmente com o passar das horas.

A paisagem está no seu melhor nesta altura do ano. Campos floridos, terreno seco mas cheio de vitalidade. Vamos progredindo, somos cerca de vinte pessoas, enquadradas por dois guias da Almargem, convidada pela Câmara Municipal de Alcoutim para organizar a actividade. Foi um bom passeio, com um grau de dificuldade adequado, com algumas passagens em trilhos mais apertados, onde o grupo perde algum tempo quando algumas pessoas com menor condição física necessitam de ultrapassar pequenos obstáculos. Mas não me posso queixar, felizmente era um bom grupo, com gente de todas as idades e provenientes de vários pontos do país.

O foco do passeio, como o nome indica, é a ribeira do Vascão, e é à sua beira que caminhamos durante boa parte do tempo. Vamos aliás atravessá-la. Duas vezes. Na primeira, muito simples, tiro apenas as botas, e só porque estas já perderam a impermeabilidade há muito tempo. A segunda travessia é mais complicada, com o leito mais fundo, e dessa vez tiro mesmo as calças. Não vale a pena ter vergonha, a roupa interior não fica a dever nada a alguns fatos de banho e de facto não me convinha passar a hora seguinte a caminhar com calças molhadas. Atravesso com a mochila levantada e no ponto mais fundo tenho água pelo umbigo. Sou dos primeiros a cruzar a ribeira, largo o meu equipamento e regresso para dar uma mão aos que poderão ter mais dificuldades. Ninguém caiu, apesar de algumas ameaças, e correu tudo bem.

Mais à frente passamos por uma área onde é comum a Águia Real, a maior do mundo, e pouco depois entramos numa área de nidificação de cágado. Infelizmente não vimos nenhuma dessa bicharada, para além de uma couraça de cágado que terá sido decepado por uma garça ou outra ave. Chegámos por fim a um estradão de terra batida. O ritmo da caminhada seria mais estável daí em diante, e ainda bem, porque pelas 15 horas deveríamos estar em Farelos para a segunda actividade do dia.

Fora 9 km bem passados, sem grandes dificuldades, numa excelente organização da Almargem, que muito agradeço à Câmara Municipal de Alcoutim. Sem dúvida que, não estando a cruzar mundos por outros continentes, estarei presente na próxima edição.

Chegados a Monte Vascão, foi pegar no carro e seguir para Farelos, onde nos esperava uma actividade muito interessante, que combinava o convívio com a comunidade local e a aprendizagem das técnicas tradicionais de preparação de pão, com uma caminhada simples seguida de um lanchinho. Muito justamente, esta era uma actividade paga, apesar de com uma quantia simbólica de 5 Euros.

Tudo foi exemplarmente preparado pela Associação dos Amigos dos Farelos e Clarines, um grupo que me impressionou profundamente pelo seu dinamismo e eficiência. Aqui houve tempo para um pouco de “nervos”, porque esperava a chegada de um casal amigo de alemães, meus vizinhos, que se atrasaram imenso… mas acabou tudo bem, porque feitas as contas só perderam o amassamento do pão. Apareceram a tempo de assistir e participar noutras fases do processo e de ver os nossos magníficos pães entrarem no forno de lenha onde passariam cerca de hora e meia enquanto o grupo – quase todo formado por pessoas que já tinham estado no passeio da ribeira do Vascão – iam conhecer as imediações da aldeia num belo passeio de cerca de 7 km.

Com o luxo de um “carro vassoura” a acompanhar, os participantes foram palmilhando a distância, estendendo-se um pouco, em grupos menores, numa curiosa mistura entre gentes locais e forasteiros, numa harmonia perfeita e com muito divertimento. O dia continuava muito agradável, com condições climatéricas perfeitas, e também aqui se viam os campos floridos, alguns deles bem aproveitados por simpáticas vacas que não disfarçavam uma natural curiosidade pelo raro ajuntamento de humanos que lhes passava mesmo defronte.

Tal como prometido, com o regresso à aldeia, fomos encontrar um maravilhoso lanchinho pronto. Lanchinho não. “Lanchão” mesmo. O “nosso” pão estava soberbo, e para o saborear melhor foi oferecido chouriço e queijo, quantidades generosas de azeite e bebidas, para além dos bolos caseiros. Só sei que comi tanto que neste dia não precisei de mais nada no estômago.

Foi um dia muito bem passado no concelho de Alcoutim, com duas excelentes actividades. E regressou-se a casa, a tempo de verificar expediente de fim-de-semana e… dormir, para a caminhada do dia seguinte.

O Domingo acordou tão agradável como tinha sido o Sábado, talvez um pouco ventoso, mas as condições melhorariam na área onde iríamos caminhar e mais uma vez estava tudo reunido para uma manhã perfeita.

Felizmente a Rocha da Pena é um pouco mais próxima que Alcoutim. 30 minutos chegaram para lá nos colocarmos e a partir foi esperar que o grupo se reunisse, ouvir as apresentações e  a introdução ao passeio e iniciar a caminhada, por um trilho circular já conhecido mas desta vez com um enquadramento diferente. Para além da representada da Câmara que organizava o evento, acompanhavam o grupo dois elementos técnicos convidados, que tudo fizeram para transmitir os seus imensos conhecimentos aos participantes. Aprendemos sobre as plantas da zona, fizemos observações curiosas, conversámos.

Uma novidade, para mim, foi a visita ao marco geodésico, cuja existência desconhecia. A vista desse ponto é de facto espectacular, mas ali sentia-se todo o poder do vento que soprava na região neste dia. Uma segunda surpresa foi a existência de fortificações do período pré-Islâmico… pois é, fartei-me de descobrir coisas novas ao longo desta caminhada.

Infelizmente a primeira parte do percurso alongou-se em excesso, e na parte final tivemos que nos separar do grupo para caminhar com um ritmo mais rápido para o carro, porque havia alguns compromissos sociais na agenda para a tarde de Domingo. Foi um fechar com chave de ouro um fim-de-semana com muita actividade ao ar livre e muito boa disposição!

Fica a dica: este passeio na Rocha da Pena enquadra-se num ciclo que se estenderá até Outubro! Até lá poderá participar, sempre gratuitamente, nas seguintes actividades: “As aves que se escondem na Fonte Benémola”, a 22 de Abril, “Penas para que te quero”, a 24 de Setembro, “A história da super-salamandra algarvia” a 10 de Setembro, “Observação de animais notivágos” a 3 de Junho. Mas há mais! O melhor mesmo é contactar a Divisão de Ambiente, Espaço Público e Transportes da Câmara de Loulé através do número de telefone 289 400 890 ou através dos e-mails [email protected] / [email protected].

 

O Cruzamundos com uma bejeca entre caminhadas!

 

 

 

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