Dia 24 de Janeiro de 2020, Sexta-feira

Depois de uma noite bem passada, com um sono tranquilo graças ao profundo silêncio deste belo quarto, logo descubro que lá fora nada mudou. Cuenca continua uma cidade que me é desagradável. Tento ordenar ideias e perceber porque tenho esta percepção de um local aclamado. O barulho e o caos é a razão principal. Os carros, carros por todo o lado, parqueados por toda a parte. Não sinto alma nem atmosfera nesta cidade. Mesmo vendo as coisas com a frieza que o distanciamento no tempo oferece posso dizer que foi dos locais que em toda uma meia-vida de viagens mais me desagradou. Não sei o que se passou aqui, foi como que um curto-circuito. Certamente não sou eu que estou certo e o resto do mundo errado.

De manhã fomos ao Museo Pumapungo. A pé, pela rua, bombardeado pelos fumos negros densos que escapam dos autocarros barulhentos que passam sem pausa. Antes fomos espreitar o rio. Não tem nada para ver. É um fio de água envolvido pelo tecido urbano.

O museu está hospedado num grande edifício construído de novo há pouco tempo. Moderno. A minha antipatia com Cuenca fica reforçada com a proibição de tirar fotografias no interior do museu, uma mesquinhez que continuarei a considerar sem sentido nem objectivo.

Na parte de trás do edifício encontram-se as ruínas de uma civilização ida. Adoro ruínas, mas aqui não há nada para ver. Restam umas fiadas de pedras que delineiam as construções que um dia ali existiram.

Compramos uns gelados no regresso. A sério, nesta altura a minha moral está em baixo. O que faço ali, em Cuenca? Felizmente no dia seguinte um outro destino nos aguarda.

Vou beber um sumo num café de aspecto agradável na rua do hostel. Estando em Cuenca nada parece correr bem: o sumo é aguado e não tem sabor.

Deixo a minha roupa na lavandaria. Mais ao fim do dia passarei a recolher. Estando em Cuenca, ficou pronta com mais de duas horas de atraso. Não calhou a ser inconveniente, sendo a porta ao lado do hostel, mas poderia ter sido.

Mais ou menos, passei o dia sem fazer nada. É isso, se não me agrada o local, descanso. Sem grande drama. Foi um prazer ficar naquele quarto silencioso, a retemperar energia.

O melhor momento veio ao serão: um grande jantar num restaurante indiano ao virar da esquina. Comer muito e bem por um preço insignificante. Deliciosos sabores da Índia de que tanto gosto. Conversa com o rapaz que servia às mesas. Que vida leva um indiano num país estranho onde a língua é uma barreira? Não é muito boa, diz ele. Mas está com os seus. O restaurante é um negócio de família e vai-se andando. Se passar por Cuenca procure o Punjabi Rassoi.

 

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