Dia 30 de Janeiro de 2020 a 3 de Fevereiro, Quinta-feira a Segunda-feira

E pronto. Mais uma vez. Depois das intoxicações alimentares em Myanmar e Indonésia e da gripe na Índia, estou outra vez no estaleiro em terras estrangeiras, uma viagem em pausa para recuperação.

A primeira noite foi o mais complicado. Costuma ser assim. Depois veio a febre, o sono. O dia a dormir, sono interrompido ainda com umas visitas à casa de banho.

Felizmente a viagem não era longa. Dois passos e estava lá. E em Zamora havia farmácias bem fornecidas, comecei logo a tomar fármacos para recuperação da flora intestinal, alivio das dores, redução da diarreia.

No primeiro dia ainda havia a ilusão de que a viagem poderia ser reatada logo a seguir. Não foi o caso. Passou-se mais um dia e a recuperação estava a ser lenta. Nem pensar em enfrentar a viagem até Loja. Especialmente sendo uma estrada cheia de curvas, especialmente mau para quem está numa situação assim.

Para piorar as coisas, descobri que o passo seguinte da viagem tinha um problema. Ao contrário da informação que tinha, não existem autocarros diurnos de Loja para o Peru, de onde tinha um voo para Lima dali a poucos dias. Não senhora. Só uma viagem nocturna. E isto é algo que ao fim destes anos todos, deste calcorrear do mundo, ainda não me atrevi a fazer. Não consigo dormir em autocarros, seja de noite ou de dia, e uma viagem assim será uma noite em branco, uma tortura de muitas horas, com o sono a apertar mas a não conseguir vencer. E agora, neste estado, nem pensar.

E a solução? Não há. Descobriu-se depois, mas para já não sabia mesmo o que fazer, sentia-me preso, refém da situação.

Assim se passaram dois dias e ao terceiro encontrei coragem para fazer a viagem para Loja. Foi pior do que poderia imaginar. Talvez o meu problema seja ter tido uma vida fácil mas aquela hora e tal de autocarro foi do sofrimento físico mais elevado que já senti.

À chegada, deixei-me estar encostado a um poste, com espasmos no estômago mas sem nada para deitar fora. Acabei por apanhar um táxi para um hotel do outro lado da rotunda. 200 metros. Mas era preciso. Só de pensar que ainda se colocou a possibilidade de seguir directo para o Peru no tal autocarro nocturno. Impossível não seria, se o Diabo viesse atrás de mim.

Passei mais dois dias a recuperar naquele quarto de hotel confortável e moderno. Ao fim do segundo dia saí para um pequeno passeio nas imediações e já me senti pronto para, aos poucos, enfrentar o mundo lá fora. Comprei uns abastecimentos numa pequena mercearia. Depois de quatro dias de cama era até estranho caminhar. Mas soube bem.

E o mais espectacular é que se tinha descoberto que havia um autocarro diurno desde Loja para Jáen, no Peru. Era perfeito! Perderam-se as passagens aéreas de Piura para Lima mas que se lixe. Foram compradas outras, um pouco mais caras, de Jáen para a capital peruana e os danos financeiros causados por esta crise ficaram minimizados.

Comprados também bilhetes para o dia seguinte para Loja – Jáen. O circo vai seguir! Até dormi melhor, refrescado fisicamente e com este problema resolvido.

 

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