Um daqueles dias  maus em que tudo parece dar para o torto. É assim mesmo. Acordo e lá fora o céu está carregado, depressivo. O vento sopra, frio, bem diferente do panorama da véspera. Tudo bem, de qualquer forma não tinha grandes planos, até porque já tinha visto que a meteorologia não tinha uma previsão fabulosa. E dava-me jeito trabalhar.

Só que sou muito sensível ao tempo.

E o acumular de coisas menos boas deixou-me com um astral negativo. Foi a seca que apanhei no aeroporto, na véspera, e agora descubro que perdi o cabo do telemóvel, que o SIM card que comprei deixou de funcionar por alguma razão misteriosa e que para no dia seguinte chegar à estação de comboios não será simples porque fica a 4 km do metro mais próximo. E, claro, o tempo.

Vou dar uma volta, tentar trazer as coisas de volta para o campo positivo. Aconteceu o contrário. Apanhei o metro por uma estação, saí na Praça Timur mas não havia ali muito que me animasse. Só carros e muita polícia. Parece que o presidente do Cazaquistão está de visita, o que não contribui muiito para o bom ambiente, com a segurança apertada e tudo isso.

Justamente naquele momento começou a chuviscar. Dei uma pequena voltei, olhei para estátua equestre do Timur, para o hotel soviético que hoje se chama Hotel Uzbequistan e fui-me, de regresso ao hostel, a pé, que são apenas 1200 metros.

Fiquei para ali a remoer as mágoas. Esperava que o simpático recepcionista da véspera voltasse. Talvez tivesse soluções para algum dos meus pequenos problemas. Quando já perdia a esperança de o ver, heis que ali está. Quero pagar, pergunto-lhe por opções de transporte para a estação. Simples: Yandex. 1,50 Euros. Menos de meia-hora. E ele próprio tratará de tudo, pela manhãzinha. A seguir resolve o problema do SIM que não funciona, ligando para a UMS. Parece que enviei um SMS, algo que não está contemplado no meu plano e que o enviou para terreno negativo, bloqueando tudo. Nada que não fosse resolvido com um pagamento de 1000 SOM, 0,10 Euros! Algo de que também tratou de imediato, trazendo o meu SIM de volta à vida.

A seguir providenciou-me com informação para mais tarde, quando voltasse a Tashkent e quisesse seguir para Shymkent, no Cazaquistão e por fim cedeu-me um cabo de carregamento com ficha para  meu telemóvel. E com tudo isto o bom humor regressou.

Os trabalhadores que na véspera tinham enchido a sala de jantar estavam em parte incerta, o que me deixou oportunidade para avançar com algum trabalho. Conheci o Ali, um uzbeque religioso que viveu n Dubai, de olho claro e expressão e discurso sereno. Ofereci-lhe chá, conversámos um pouco.

Foi um dia a lume brando, portanto, que terminou no conforto do meu beliche.

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