16 de Janeiro de 2023

Não posso dizer que a primeira noite em Ahmedabad tenha sido bem dormida. O pessoal da casa de hóspedes esteve debaixo da minha janela a falar até bastante tarde. Mas o entusiasmo de explorar uma nova cidade fez-me levantar fresco que nem uma alface, pronto para um belo pequeno almoço serviço numa mesa conjunta, uma grande mesa de refeições no primeiro andar. Um bom pequeno-almoço!

Problemas técnicos

E depois, caminhar até ao portão da cidade e negociar com um condutor de tuk-tuk o serviço para o primeiro ponto escolhido: Manek Burj, um pequeno bastião construído inicialmente em 1411 e durante muito tempo a principal defesa da cidade. Foi construído em torno da pedra da fundação, colocada por Ahmed Shah I a 26 de fevereiro daquele ano. Tem 16 m de altura. Entretanto, 1869, a Ellis Bridge, a primeira ponte da cidade sobre o rio Sabarmati, foi construída perto do bastião. Já em 1999, uma nova ponte de concreto foi construída em ambos os lados da estrutura de aço da Ellis Bridge e Manek Burj foi parcialmente demolido para dar lugar à expansão da ponte. Após o terremoto de Gujarat em 2001 e os tumultos em 2002, muitos acreditaram que a cidade havia sofrido como resultado dos danos causados ​​ao bastião.

Para lá chegar é que não foi fácil. O condutor tinha um problema que tentava explicar com meia dúzia de palavras de mau inglês. Percebi parcialmente que para nos deixar mesmo onde queríamos seria necessário dar a volta à cidade o que não convinha. Então largou-nos num ponto muito mais próximo mas de onde teríamos que caminhar um pouco. Foi-nos apontando com a mão a direcção certa enquanto nos afastávamos, um pouco inseguros do caminho a tomar.

Mas lá chegámos e de facto não valeu o esforço. Mais interessante era o templo hindu mesmo do outro lado da estrada. E a zona era frequentada por uma fauna um pouco estranha que não me fazia sentir confortável.

Em, oração na mesquita de Sidi Saiyyed

A seguir, na lista, estavam uma série de mesquitas históricas, separadas entre si por apenas algumas centenas de metros. A primeira estava ao alcance de uma pequena caminhada. Sem necessidade, portanto, de negociar com um condutor o transporte.

A mesquita de Shahi Jam-e-Masjid Bhadra não é muito grande. Os seus guardiões são indiferentes à nossa chegada. Entrar e fotografar não é problema. Está quase vazia. Um par de fiéis encontra-se recolhido em reflexão. Há um jardim em frente à fachada principal, bem cuidado, muito verde. É a mais antiga da cidade e foi construída pelo seu fundador, Ahmad Shah I, em 1414. Diz-se que era a mesquita privada da casa real.  As suas duas fileiras de dez grandes cúpulas, rodeadas por cúpulas menores, são a sua característica mais interessada. Tudo isto é sustentado por 152 pilares. Note-se que estes foram retirados de templos hindus e em alguns podem ainda observar-se figuras hindus.

Regando o jardim em frente à mesquita

A mesquita de Sidi Saiyyed foi a segunda a ser visitada. É antiquissima. Foi construída originalmente no século X. As janelas em madeira talhada e os arcos que sustentam o tecto do espaço de oração são os elementos mais significativos da estrutura.

Seguiu-se a grande mesquita da cidade, a mesquita de Sexta-feira, também ao alcance de uma pequena caminhada. Pelo meio uma breve paragem numa loja de sumos e batidos para refrescar com um saboroso suco tropical. Quanto à mesquita, proibição de fotografar, mas não resisti a roubar um par de imagens. É um templo de dimensões consideráveis que me fez lembrar a principal mesquita de Delhi.

Mesquita de Sidi Saiyyed
Rezando em Sidi Saiyyed

Foi construída em 1424, portanto, durante o reinado de Ahmad Shah I, e na altura seria provavelmente a maior mesquita do subcontinente indiano. Para mais informações sobre esta imponente mesquita poderá consultar o artigo na Wikipedia (em inglês).

Caminhámos pela zona de Manekchowk, um bulício enorme, a Índia do imaginário dos ocidentais, gente que se acotovela, desviando-se a custo dos poucos veículos que por ali se aventuram, compactando-se ainda mais. É uma área de comércio intenso, viva, agradável, interessante. Há lojas de tudo e um segmento que é conhecido pelos livros. Uma autêntica conglomeração de livreiros onde se vendem obras de todos os géneros e temas.

Só uma rua de Ahmedabad

Encontrámos o edifício histórico – hoje em ruínas – onde no passado funcionou a influente bolsa de valores de Ahmedabad. Ali perto, abraçado por uma série de ruelas estreitas cheias de lojas, Rani no Hajiro, um complexo tumular feminino. Ali se encontram os restos mortais das esposas do fundador da cidade, Ahmed Shah I, os seus túmulos cobertos por panos de cores garridas.

Um templo Hindu

Entrar pode ser problemático. O mausoléu, em forma quadrangular, encontra-se fechado. Perguntámos. Recebemos respostas vagas. Era preciso perguntar às pessoas ali perto. Continuámos a perguntar. Na realidade havia ali um ambiente algo estranho. Fiquei com a sensação que os que se encontravam nas casas mais próximas seriam excluídos. Ou de uma casta discriminada, ou refugiados. Algo assim. Mas por fim apareceu o guardião com as suas chaves mágicas. Deixou-se fotografar e no fim recebeu a esperada gratificação, penso que acima das suas expectativas.

O guardião das esposas do imperador

A cidadela de Ahmedabad foi a grande desilusão desta visita. Simplesmente encontra-se encerrada a visitas. Diz-se que estão a preparar uma grande renovação da estrutura. Só pode ser vista por fora, e mesmo assim é complicado, porque na sua frente existe um mercado onde se junta uma multidão compacta. E parecia tudo tão bonito nas fotografias…

O resto do dia passou-se no bairro. Um giro para beber um batido, observar alguns pormenores. Mas nada mais de significativo. Tempo de descansar depois de uma manhã e início de tarde desgastantes.

Meninos brincam com papagaios

E a nossa casa e espaço envolvente durante os dias de Ahmedabad:

 

 

 

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