Hoje o tempo melhorou significativamente. Está um belo céu azul pela manhã, justamente o que precisava para o plano: visitar o Jardim Botânico Nacional.
Passei uma boa parte da manhã neste espaço. Cheguei até lá de Uber. É bastante afastado do centro, mas mesmo assim só paguei uns 3 Euros pelo serviço. O bilhete para estrangeiros é de cerca de 10 USD mas o meu sotaque convenceu a senhora da bilheteira que depois de me perguntar se queria com comboio incluído ou não me passou o ingresso e me pediu os 50 DOP, cerca de 0,75 Eur. Fiquei orgulhoso do meu espanhol.
Passeei bastante pelo jardim. Infelizmente há muitos projectos deixados ao abandono, como a zona das plantas aquáticas e a das orquídeas. Mas a vida ali compensa tudo… as pessoas que correm, namoram, lêem, caminham, apreciam a natureza, fazem piqueniques e ioga.
E depois, há sectores que se encontram imaculadamente mantidos, como o Jardim Japonês ou o jardim de borboletas (este tem um bilhete adicional de 25 DOP).
Fartei-me de andar, encantei-me com o pavilhão dos fetos e com os lagos e pontes do jardim japonês, que inclui árvores de grande porte e uma pequena floresta de bambus gigantes.
Quando me cansei das voltas regressei à entrada e chamei um Uber para voltar para o centro.
Aí visitei a igreja e o forte de Santa Bárbara, recentemente restaurados, explorei algumas ruas fora da zona mais maquilhada do centro histórico, encontrei casas bonitas, envelhecidas mas pintadas de cores alegres, senti o palpitar da vida local, das pequenas lojas de comércio tradicional. Escapei por pouco a um saco de lixo arremessado de um andar superior, que explodiu com estardalhaço a um metro de mim.
Passei junto à casa onde viveu aquele que é considerado o pai da nação, Juan Pablo Duarte, onde agora funciona um museu de cera e um centro de estudos temáticos relacionados com esta personagem histórica.
Agradeci a oferta de câmbio dos cambistas do mercado negro que se sentam junto ao passeio, enveredei pela Calle Conde e fiz uma pausa para beber uma cerveja bem gelada na Cafetaria Colonial, uma casa com uma longa história que apesar de se encontrar na principal via da Zona Colonial, logo, na rua mais turística da cidade, não se deixou vergar pelos tempos e mantém uma deliciosa atmosfera local, ponto de encontro de velhas raposas da sociedade de Santo Domingo.
Parei na lojinha de sumos da esquina, trouxe um sumo de cana para o quarto, onde adicionei uma boa dose de rum à bebida. Um belo sumo de cana com trago, como lhe chamam aqui.
Descansei até ao final da tarde. Saí de novo para a rua por volta das cinco, fui até ao Alcazar de Colón, que visitei. Já o tinha tentado fazer mais cedo, mas no pico do dia há demasiados turistas. Agora, quase à hora do fecho, estava praticamente sozinho no espaço.
A exposição não é especialmente entusiasmante, mas o valor do bilhete é simbólico, vale a pena passear por entre aquelas paredes que já tanto viram.
Fui encontrar uma geocache ali próximo, depois regressei, devagar, sem pressas, apreciando o final do dia e o ambiente descontraído que os dominicanos trazem para as suas ruas. No exterior dos colmados as pessoas sentam-se com uma bebida, sentadas numa singela cadeira de plástico, versão simplificada das opulentas esplanadas de Paris ou Roma.
Também eu entrei num colmado, bebi uma cerveja de 600 ml ao balcão, nas calmas, para apreciar as idas e vindas da vizinhança e dos clientes anónimos. Falei um pouco com o proprietário e com um amigo que via um jogo de basebol ali mesmo. Um bom momento. Na realidade foi mais um dia bom esta cidade de que tanto gosto. Adoro Santo Domingo!