Dia 8 de Fevereiro de 2020, Sábado

O segundo e último dia em Arequipa ficou marcado pela visita ao Mosteiro de Santa Catalina. Esteve para não acontecer, hesitei, apenas pelo facto do valor do bilhete ser uma barbaridade para os padrões sul-americanos: cerca de 8 Euros.

Mas lá se foi e valeu a pena. O mosteiro foi criado em 1580 por doña María de Guzmán, uma viúva abastada de Arequipa. Em 1870 uma irmã Dominicana, Josefa Cadena, reformou a instituição, removendo os elementos luxuosos do mosteiro, libertou os escravos e instituiu uma nova ética que, segundo parece, faria falta.

Chegaram a ali habitar 450 pessoas, mas nos anos 60 os dois sismos que abalaram a cidade causaram danos consideráveis nas estruturas. As freiras mandaram construir uma nova ala e as partes mais antigas do convento ficaram ao abandono. Foram posteriormente restauradas de forma faseada e abriram ao público.

Fomos logo pela manhã para reduzir as possibilidades de termos demasiada gente a visitar ao mesmo tempo. Nesse aspecto foi um sucesso quase total, apenas um grupo de russos estava no local, e de facto não foram um problema.

O convento vai-se revelando aos poucos, repleto de surpresas, proporcionando belas fotografias. Os contrastes de cores, os detalhes, a recriação de alguns dos espaços, como as cozinhas, são suficientes para entreter os visitantes.

Fiquei um pouco triste por encontrar o antigo cemitério encerrado, pois como não faço segredo adoro visitar este tipo de espaços (porquê que adoro cemitérios?). Mas o que fez esquecer esta pequena frustração. Há muitos espaços fascinantes, como as canalizações da altura, com a água a correr por calhas de pedra que abasteciam todo o mosteiro, e o enorme refeitório, ou o terraço que encontramos próximo do fim da visita.


Há mesmo muito para ver. As portas de madeira talhada, as celas das freiras, a antiga piscina coberta, de pedra, com um biombo para garantir privacidade. Para melhorar as coisas, um muito agradável café num pátio interior, com uma algo desagradável funcionária. Podem-se passar horas no convento e há a opção de ter uma visita guiada. Não é a minha cena, mas dizem que são muito interessantes.

O resto do dia não foi muito intenso. Já tinha esmorecido aquele entusiasmo natural que fervilha quando se chega a uma cidade nova, especialmente quando é bem bonita, como Arequipa.

Mais uns passeios a pé por ruas já visitadas e outras que ainda foram descobertas. Passagem pela praça principal, outra ida ao fabuloso supermercado.

Descansei um bom bocado e preparei os próximos dias de viagem. No dia seguinte mudaria de cidade e dentro de dois dias, de país. De Arequipa para uma ilha flutuante ao largo de Puno e depois, Bolívia. Vão ficar saudades desta cidade acolhedora, bonita e animada. A única boa memória sólida do Peru.

 

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