12 de Maio de 2024

A primeira noite numa tenda nos últimos anos não foi mal passada. A qualidade do material que alugámos teve o seu papel numa noite não tão mal dormida como receava. Cheirava tudo a novo! Impecável! A tenda fácil de armar também ajudou. E assim foi passada a noite, à espera de um segundo dia de aventura pela África dos filmes, com bicharada à solta, no seu mundo, um mundo onde os elefantes e as girafas se atravessam como cães e gatos numa qualquer cidade europeia.

De Namutoni a Halali em linha recta seriam uns 70 km. Mas não se fez assim. Depois do despertar com o nascer do sol (segundo o contracto só podíamos usar o carro entre o nascer e o pôr do sol, excepto em ambiente urbano) saímos logo. Afinal esta é a melhor hora para avistar animais selvagens nos pontos de água onde vão beber. E também é fresco e agradável para andar por ali.

Pois é! Às 6:20 da manhã já estava a ver girafas, o esbelto e longo pescoço recortado contra o horizonte alaranjado. Andavam por ali outros. Um coiote. E depois muitos elefantes, uma manada grande. Zebras, muito, nas suas intermináveis disputas.

Antes de nos afastar, a caminho de Halali, uma pequena paragem para ver duas campas, do tempo em que os alemães andavam por ali, como se dizia na altura, a pacificar os gentios locais. Ali houve luta, dos europeus morreram dois, ali mesmo sepultados. Campas cercadas por uma vedação e cartazes onde se relembrava os visitantes que sair dos carros no Parque Nacional de Etosha só nas áreas designadas para o efeito. O que não era o caso ali.

Emil Bahtz. Quem seria? De onde exactamente viria, como acabou os seus dias neste fim do mundo, na sua perspectiva?

Vamos rolando na estrada de terra batida pela imensidão da planície de Etosha. Há animais por todo o lado. Até na faixa de rodagem. Grupos de antílopes loucos correm e saltam por ali. Ao longe avista-se a silhueta inconfundível de uma girafa. Uma não! Um grupo! São doze!

Passamos agora por uma área arborizada, uma raridade na Namíbia. São árvores atarracadas, marrecas, crescimento condicionado pela carência de água. E mesmo assim escondem surpresas. Como aquelas zebras que saem do matagal e atravessam a estrada.

De caminho paramos num ponto de água. Nada de emocionante. Mais elefantes e zebras. Mas é fotogénico, é um cenário bonito.

O carro rola e as vistas vão-se renovando. Olha! Gnus! Correndo de um lado para o outro, claramente com machos jovens entre eles, como todos os machos jovens exibindo-se e procurando o seu espaço na comunidade.

Seguimos por uma estrada menos usada. Encontramos um ponto de repouso. Quando chegamos um casal está a acabar o seu piquenique e logo ficamos com a área por nossa conta. Uma pausa agradável. Como num ciclo sem fim, quando estamos para sair chega outro carro.

A seguir vamos a um ponto que se alcança rolando por um estradão que entra pelo lago de sal de Etosha, alguns quilómetros em linha recta, com aquele branco a perder-se no horizonte. É uma obra desenhada para dar ao visitante uma perspectiva da imensidão do lago que agora se encontra a seco.

Chegamos ao parque de campismo de Halali no pico do calor. Muita gente a almoçar, uns quantos na piscina. Tomamos conta do nosso lugar. Não parece mal. As crianças infernais que estavam ao nosso lado na véspera também estão no parque mas bem longe.

Fomos ver o water hole privativo do parque. E revelou-se excelente. Ali vimos pela primeira vez rinocerontes. Isso mesmo, não um mas vários. O resto da bicharada por esta altura já se tinha banalizado, mas há algo de mágico no avistar de um rinoceronte que placidamente se dirige para o pequeno lago. E para melhorar as coisas vimos não só rinocerontes comuns como também o raro rinoceronte negro, uma espécie em vias de extinção.

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