10 de Maio de 2024
Aterragem adiantada, uma caminhada pequena até ao terminal (a minha forma favorita de chegar). Muita gente para passar o controle de passaportes, o avião era grande e vinha quase cheio. Formalidades simples. Mais complicado foi comprar um cartão de dados para o telemóvel, apenas porque estava uma longa fila. Por outro lado depois de pagar 20 Euros fiquei logo com 10 Gb de dados a funcionar em 4G (não existe 5G na Namíbia).
No terminal estava o condutor para nos levar ao hostel. Uma cortesia da empresa onde aluguei o carro, um Suzuki Jimny, para os 14 dias desta viagem.
Ainda são 38 km desde o terminal até ao centro da cidade. O trânsito não é muito e fica logo uma impressão mais tarde confirmada: é fácil conduzir na Namíbia, apesar do tráfego fluir pela faixa esquerda. Os condutores são cordiais, a condução agressiva não é comum e mesmo na hora de ponta – das 17:00 às 17:30 – não há trânsito. O maior problema para mim foram os semáforos, porque os cruzamentos são confusos e o verde aplica-se apenas para quem segue em frente.
O Chameleon’s Backpackers Hostel é genial. Uma escolha em cheio para a primeira noite no país. Simpatia de todo o pessoal do primeiro ao último momengo, Wi-Fi super estável a rápida, uma pequena piscina para refrescar, um bar com refeições ligeiras e bebidas geladas a preços razoáveis, um vibe de tranquilidade mesmo quando nas áreas comuns estavam 15 ou 20 pessoas. Há uma cozinha bem equipada, organizada e limpa, televisões para eventos desportivos em directo, montes de recantos onde relaxar, ler, escrever. O quarto não era muito bonito mas não lhe faltava nada: muito limpo, ar condicionado, cama ampla e confortável, ventoinha de tecto, casa de banho privada, cantinho do chá. E um silêncio enorme. Em suma, o lugar a ficar em Windohek. A localização é suficientemente central mas de qualquer forma não é uma cidade para se caminhar. Tenha-se carro ou use-se táxis os destinos mais comuns estão próximo.
Eram dez da manhã, o quarto não estava ainda disponível, mas pouco depois da onze a simpática menina da recepção veio chamar para nos entregar o alojamento.
Foi o tempo necessário para relaxar um pouco. Ainda saí para encontrar a minha primeira geocache na Namíbia, convenientemente localizada a apenas 200 m do hostel e depois, pelas 13:45, o António veio-nos buscar.
Filho de pais portugueses que fizeram uma boa parte da sua vida, mudou-se para a Namibia há uns bons anos e aqui fez família, uma carreira e depois, aventurou-se no negócio dos alugueres de carros para turismo e parece que a coisa corre bem. Tal como o hostel, reservar com eles foi uma excelente decisão.
Aluguei um Suzuki Jimny com algum equipamento de campismo, à minha escolha: apenas saco cama, colchão e tenda. A solução mas comum para explorar a Namíbia são aquelas pickups com uma tenda montada no tejadilho. Parece uma excelente ideia mas o aluguer é quase o dobro do valor e a tenda no tejadilho não é a minha cena, gosto de ter o lombo assente no solo e não há ameaças que exigam aquele levantamento. Além disso gastam muito mais combustível.
Levantar o carro foi como trazer uma viatura emprestada de um casal amigo. O escritório é também lar, e a conversa é boa e longa. Sobre tudo um pouco e apenas no fim sobre as particularidades do carro e da sua operação.
Então lá fui, a medo. Só tinha conduzido uma vez pela esquerda, há muitos anos, a minha segunda viagem, na Irlanda, em 2006. Não é assim tão complicado mas com a idade o cérebro não fica mais propenso a absorver novidades.
A primeira paragem foi junto à igreja. Claro que há muitas igrejas em Windohek, mas esta é A igreja. Construída pelos alemães Mesmo ali ao lado encontra-se outro importante marco na cidade, o Museu da Independência, aberto e de entrada livre mas algo decadente. O café no topo de cima estava encerrado. Era uma nota que tinha, não perder um cafezinho com uma vista magnífica da cidade. Mas não deu.
Dali fomos à estação de comboios. Uma excelente opção. Trata-se de uma velha estação, da era colonial, aberta mas sem movimento. No exterior encontram-se algumas peças circulantes em exposição. Dois amigos locais estão de visita e tiram fotografias. Um par de namorados aproveita o recato do sítio. Um jovem tira uma soneca numa plataforma.
Entro na estação e depois na placa de acesso aos comboios. É um local tranquilo e interessante. Encontro uma geocache. E para Windhoek estamos feitos.
A caminho do supermercado vou ainda parar para ver um monumento referente à Segunda Guerra Boer e depois as maravilhas do Spar. Abastecimentos para os dias seguintes. E por esta altura já estou à vontade com a condução neste novo ambiente. E satisfeito. Está tudo a correr muito bem e apesar de ter chegado de manhã já parece que estou na Namíbia há um par de dias.
De regresso ao hostel a simpática vigilante de serviço convida-me a deixar o carro no interior e na realidade fica mesmo nas traseiras do quarto. Uma surpresa agradável. Para jantar duas tostas de salame, queijo e tomate preparadas pelo Coco. Souberam-me mesmo bem.
Foi um dia longo que se tinha sucedido a uma noite ainda mais longa. Estava na altura de repousar. E que repouso foi. No mais absoluto silêncio numa cama bem confortável.