Numa altura em que se vai começando a falar da retoma gradual das viagens, inclusive das viagens aéreas, uma das questões recorrentes é a da possibilidade e relevância de reduzir os lugares disponíveis a bordo, nomeadamente eliminado a ocupação dos bancos do meio.

Uma das questões que esta medida levanta é a dos preços das tarifas aéreas. Se as aeronaves perderem pelo menos um terço da sua capacidade de transportar clientes sem uma redução dos custos, será natural concluir que os restantes dois terços terão que suportar a perda pagando bilhetes de preço agravado.

Mas esta conclusão não será assim tão evidente, porque há muitos mais elementos envolvidos no cálculo do preço final. Um deles, sendo dos principais, é o custo do combustível, que deverá andar em baixo enquanto a retoma não for evidente. Mas existem outros, como impostos e tarifas, que poderão ser eliminados ou atenuados para ajudar o sector a sobreviver.

Tenha-se em conta que algumas despesas descem com a ocupação de assentos, como o próprio combustível, e número de tripulantes de cabine e talvez uma redução deste tipo não tivesse assim tanto impacto no preço dos bilhetes, se as companhias jogarem um jogo limpo.

A questão seguinte é: e será que a redução da ocupação da cabine é relevante para conter os riscos de contágio a bordo?

Mesmo sem um parecer técnico, leia-se, científico, parece lógico que ao eliminar o lugar do meio exista uma redução das probabilidades de contágio. Mas a sua quantificação será mais complicada.

A  International Air Transport Association (IATA) já afirmou que apoia a obrigatoriedade de uso de máscaras a bordo mas que se opõe à retirada dos lugares do meio. Também Michael O’Leary, o efusivo CEO da Ryanair considerou a ideia completamente estapafúrdia e inútil.

Os opositores à ideia contrapõem que mesmo sem o lugar do meio ocupado a distância entre pessoas não reduzirá o perigo da viagem. Dizem que a distância entre a face dos passageiros atrás e à frente será sensivelmente a mesma relativamente aos que se sentam lado a lado. E além disso, o confinamento do espaço, por si, poderá facilitar o contágio, caso.

E depois há as questões de pormenor: e se uma família viajar junta, porque não poderão ocupar os três lugares contíguos, já que estão em permanente contacto no seu ambiente doméstico? Será que o risco de contágio não será de qualquer forma superior durante os procedimentos no terminal de embarque?

Aqueles que não concordam com a imposição de manter esses lugares livres sugerem também que a acontecer será uma medida cosmética, apenas para criar uma sensação de segurança inexistente e para passar a mensagem às pessoas de que algo foi feito.

O jornalista John Walton, especialista em aviação civil, sugere que talvez a regulamentação ou as recomendações se devessem centrar em questões como a instalação de meios de sanitazição que pudessem ser usados pelos passageiros durante o voo, e o reforço ou implementação de rotinas de desinfecção da cabine entre voos.

No fundo, tudo isto serão questões que deverão ser respondidas com a brevidade possível pelo meio científico. Fazem falta estudos e experiências credíveis para que as viagens aéreas possam ser reatadas com a segurança possível.

 

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