A Arábia Saudita foi durante muitos anos o sonho húmido de muitos viajantes. Completamente encerrada ao turismo, emitindo vistos apenas para viagens de negócios, era terra proibida.
Com a transmissão do poder efectivo ao principe herdeiro, um jovem ainda na casa dos 30, chegaram os sinais de mudança. De abertura, quer interna quer externa. Mohammed bin Salman aboliu o uso obrigatório de véu para as mulheres e a interdição destas conduzirem viaturas automóveis. O alcóol é ainda proibido no país (e porque não… um bom charro é igualmente probido por esse mundo liberal fora), a homessualidade considerada um crime e a segregação entre géneros existe numa série de situações.
Mas as coisas estão a mudar e continuarão a movimentar-se, tornando a Arábia Saudita um país muito interessante para observar no futuro próximo. Como conseguirá esta nova geração governante encontrar um balanço entre as facções conservadoras e liberais da população? Conseguirá a dinastia Saud sobreviver à agitação?
Já agora, se me está a ler porque prepara uma viagem à Arábia Saudita e quer aprofundar um pouco mais os seus conhecimentos sobre o país, existe um livro incontornável que recomendo: Vision or Mirage.
Mas regressemos às viagens. À minha viagem. Quando Mohammed bin Salman abriu o país ao turismo, criando um sistema de e-visa eficiente e simples, em Setembro de 2019, as minhas antenas subiram. Para logo descerem, com a chegada do COVID. Teria que esperar mais três anos para esta aventura se tornar realidade.
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Comprei passagens para Riyadh, com partida de Lisboa, por pouco menos de 300 Euros. Tudo com a Aegean Airlines, uma companhia que nunca tinha usada mas que se tornou a minha favorita até ao momento (confesso que nunca voei com as prestigiadas Emirates ou Qatar Airways).
E assim, no dia 10 de Novembro, estava a caminho de Lisboa. O primeiro expresso da manhã pára no fim da minha rua às 6:00. Chega a Lisboa às 9:30, uma boa hora para quem tem um voo a partir às 12:00. Do terminal de Sete Rios até ao aeroporto é uma viagem simples e económica de Uber.
Procedimentos simples, e num instante a bordo e logo a voar. Serão quatro horas até chegar a Atenas. Há Wi-Fi gratuita durante uma boa parte do voo e é servido um agradável almoço. Gosto da Aegean. Pessoal de cabine profissional. Como nos velhos tempos.
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Na capital grega tenho uma pequena espera pela frente. Chegámos às 18:10 (duas horas de diferença a mais). Agora, para a Arábia Saudita a partida é às 21:55.
Mais uma vez, tudo simples. Este voo segue quase vazio. Quase toda a gente tem uma fila de cadeiras por sua conta. Muitos passageiros estendem-se para dormir. Eu aprecio a ceia que é servida mas vou entretido com leitura e não chego a passar pelas brasas.
Aterramos a meio da noite. Quase três da manhã. Mas o aeroporto King Khalid nunca dorme. Um excelente aeroporto, com tudo o que o viajante possa necessitar a funcionar 24 horas por dia.
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Passagem pelo controle de passaportes e vistos sem qualquer problema. Fácil. Nada de inspecção de bagagens. Compro um SIM Card que me servirá muito bem nas três semanas seguintes. Vem com 5 Gb e custa 22 Euros. Afinal são 10 Gb, descubro mais tarde. Depois, retiro algum dinheiro com o meu Revolut de uma caixa multibanco. Excelente câmbio. No dia seguinte levantarei mais e num país onde o dinheiro de plástico reina, será todo o cash que precisarei para a viagem pela Arábia Saudita.
E chega o momento mais temido. Sair do conforto e segurança de um aeroporto para a rua. Aeroportos fazem-me sempre lembrar o útero materno. Ali não há crime, existe internet, ATM’s, tudo o que o viajante possa precisar, é um ambiente controlado, regido por regras quase universais. Mas lá fora, isso é um outro assunto. Especialmente agudo quando estamos a meio da noite e tenho que encontrar o caminho para o sítio onde vou dormir.
Em Riyadh ficarei com um anfitrião Couchsurfing, que teve a gentileza de aceitar uma chegada por volta das quatro da manhã. Agora que já tenho tudo (dinheiro, internet) saio para a rua, hesito entre chamar um Bolt ou um Uber. Bolt, mais barato, Uber com o picking spot mesmo ali em frente. E vai ser mesmo esse.
Como disse, são quase quatro da manhã mas as estradas e ruas de Riyadh têm o movimento de uma bela hora de ponta.
Sempre a abrir chego ao prédio do Mitebh. Não tenho dificuldade em encontrar a sua porta. Lá está ele a receber-me, ainda para dois dedos de conversa e uma merenda enquanto me mostra o quarto. Sim, tenho um quartinho só para mim e no dia seguinte terei companhia para explorar Riyadh. É fim-de-semana na Arábia Saudita. Sexta-feira.
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Muito bom !