Um dia muito longo, de trânsito, que começa bem cedo em Al Ula, na Arábia Saudita. Tinha combinado com o homem da Uber da véspera o transporte para o aeroporto. Aquela hora não se passa nada na rua. Um carro passa, muito de vez em quando.

Chega a hora combinada e não se passa nada, e estou nervoso, este é um voo que não quero mesmo perder. Mas tudo bem, responde-me à mensagem Whatsapp, está a caminho, mais cinco minutos. Então OK, claro que tinha combinado uma hora com bastante margem para atraso.

São quase 30 km de uma estrada sem vivalma até ao aeroporto. Uma manhã agradável, cheia de sol e não demasiado calor.

O aeroporto é fabuloso. Pequeno, claro, mas decorado com temas revivalistas, a levar-nos o pensamento para a idade de ouro da aviação, esses idos anos 60. Como as coisas correram bem e tinha colocado uma almofada de conforto razoável no planeamento, tenho ali um bom bocado de espera.

Damman fica do outro lado da Arábia Saudita, próxima da fronteira com o Bahrain e com o Qatar. Explorar a zona chegou a estar no meu plano para a Arábia Saudita, mas acabou por não acontecer.

Cheguei ao aeroporto, tentei encontrar um autocarro para a estação da SAPTCO onde mais tarde teria ligação para o Bahrain. Não havia grande informação sobre estes autocarros. Bem, não sei se existem, se não. Encontrei uma paragem, estava lá um funcionário que me explicou que os bilhetes só podem ser comprados na app da empresa. Ainda comecei a instalar a coisa mas desisti. Falta de paciência. Preparei-me para procurar um Uber e estava nisto quando um estranho me ofereceu boleia. O preço, depois de muito discutido, ficou pelo que a Uber me pedia. E lá fomos.

Eram dois, sentados à frente. Não sei se já se conheciam ou se o outro era mais um contribuinte para a deslocação. Eu vinha atrás, rodeado de caixotes com bebidas, tipo refrigerantes. Que eles me iam pedindo de tempo a tempo.

Chegámos à cidade. O outro passageiro foi largado primeiro. A seguir seria eu. Pelo caminho o condutor ainda se chorou que passava muitas dificuldades e mais isto e aquilo. Quando saí dei-lhe um pouco mais que o valor combinado e limitei-me a esperar na estação durante uma série de horas.

Embarque descomplicado no autocarro para Manama. O único problema é que era véspera de fim-de-semana, logo, o dia em que os sauditas acorrem ao Bahrein para todos os excessos que lhes são negados no solo pátrio. Ou seja, muito trânsito.

Mesmo assim, não tão mal como poderia ser. Viagem agradável, já pela noite. Paragem simples na fronteira, tudo bem. Pouco depois chegamos ao terminal da SAPTCO em Manama, bem no centro.

Dou um pequeno passeio por ali, atraído pelo ambiente fantástico. Parecia uma feira popular em toda a baixa da cidade. Multidões, comércio, restaurantes. O que eu quero mesmo é um SIM Card. Que é carissimo, tipo, 25 Euros o mais barato. Mas já estou viciado nisto, nem imagino viajar sem acesso constante à Internet.

Entro numa loja, peço os preços. E são esses. Não gostei. Vou espreitando outras e percebo que é aquela fortuna ou nada. Entro para comprar, sou atendido por um senhor muito simpático, acho que egípcio, que vai conversando comigo enquanto trata dos procedimentos necessários. Nem me pede o passaporte, como seria do regulamento. Diz-me que a culpa é do COVID, antes da pandemia este mesmo SIM custava 6 Euros e agora era aquele exagero.

E pronto, já tenho dinheiro local, já tenho SIM, agora é chamar um Uber para me levar a casa do anfitrião Couchsufring que tenho em Manama. Um pequeno luxo para descontrair, em vez de ainda ter que encontrar autocarro e esperar que venha.

Saiu-me um bocado mal, culpa minha, troquei nomes e acabei por ser largado noutro local, felizmente não demasiado longe, a uns 1200 metros do destino desejado.

Acabou por ser um bom passeio. Lá, não encontrei o anfitrião mas sim outro convidado, polaco. Logo chegou o dono da casa, filipino, a viver no Bahrain há uma eternidade, e saímos juntos para jantar numa tasca também filipina ali próximo. Um bom jantar com conversa agradável.

E foi isto. Adeus Arábia Saudita, olá Bahrain. Soube bem esta mudança de ares.

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