28 de Setembro de 2024
Pequeno-almoço no hotel. Hoje não voltaremos. É o dia em que saímos para fora da capital, para o país real.
Para começar fomos a Anau, a montanha que se estende próximo da cidade, visitar um lugar sagrado, onde se encontrava a mesquita Seyitdzhemaliddin, também conhecida simplesmente como mesquita de Anau. Era lindíssima, mas o sismo de 1948 destruiu-a parcialmente e penso que mais recentemente se degradou mais, pois a ruína que hoje vemos é ainda menos imponente do que a que se vê em algumas fotos não muito antigas.
Foi uma paragem interessante, apesar dos restos da mesquita já não impressionarem. Existe no local uma pequena mesquita moderna e andam por ali peregrinos, que acorrem de outras partes do país.
O ritmo da tour está a intensificar-se. Gosto. Vamos de seguida a uma mesquita magnífica, moderna, construída com o apoio da Turquia. Para alguns companheiros de viagem foi a primeira vez no interior de uma mesquita.
Depois, o Halk Hakydasy, o parque de memoriais que se encontra no topo de uma colina, nos arredores da cidade. Ali encontramos uma série de monumentos grandiosos mas, de certa forma, desterrados por ordem presidencial. Claramente o segundo presidente do Turquemenistão independente quis reverter a extravagância do seu antecessor e recolocou alguns dos monumentos mais imponentes em pontos periféricos.
Aqui encontramos um impressionante monumento aos combatentes nacionais na Segunda Guerra Mundial, na altura integrados no exército Soviético. Arde ali uma chama eterna e uma guarda de honra mantém-se no local, imóvel. Mais uma vez fotografar estes militares está fora de questão, a não ser que se faça de uma distância considerável.
Existe também um monumento às vítimas do sismo de 1948, encimado por uma criança dourada, sobre um globo negro e destroçado. A analogia é óbvia. A criança representa o primeiro presidente do país, feito órfão pelo terramoto e considerando-se um menino de ouro.
Por fim, o memorial à resistência à invasão russa, na segunda metade do século XIX, que terminou com a anexação de basicamente toda a Ásia Central.
Uma bela visita, terminada com a descida de uma escadaria monumental, ampla e constituída por 300 degraus, ao fundo da qual o autocarro nos aguardava.
O almoço teve lugar no café que nestes poucos dias nos habituámos a frequentar, basicamente do outro lado da rua do hotel. Um almoço que se estendeu por um tempo interminável, sem razão aparente. Estava a perder a paciência com esta perda de tempo para refeições. É que era mesmo uma espera ociosa, tudo nas calmas, para cada passo do processo.
E agora ia iniciar-se uma segunda fase desta viagem. Um saco circulou pelas mãos dos passageiros do autocarro. A gratificação – opcional – para o condutor do qual nos despediríamos em breve.
Numa estação de serviço nos arredores de Ashgabat seis viaturas 4×4 impecavelmente limpas e brilhantes esperavam. Serão o nosso transporte para os dias restantes. Escolhemos companheiros de viagem, que permanecerão juntos até ao fim. Connosco vem Robin, o educado holandês que escuta música tecno sem parar nos seus auriculares. Para relaxar, diz ele.
O nosso condutor não fala inglês mas vai-se revelar um profissional de alto nível. Gostei imenso do seu serviço.
Dali partimos em coluna em grande velocidade. A ideia é chegar à cratera ardente de gás em combustão antes do pôr-do-sol. Olhando para a distância e para a esperada condição da estrada nunca pensei que fosse possível. Mas foi, e à vontade.
Foram algumas horas de maravilha, cruzando um deserto rochoso, uma paisagem quase sempre monótona mas espectacular. Passámos por algum casario, mas nada de aldeias. Aquela é a estrada usada para a ligação ao Uzbequistão, construída pelo exército para o transporte de minerais extraídos do solo nos tempos da União Soviética. E é mesmo muito má, cheia de buracos, crateras.
Alguns troços são verdadeiramente aventurosos. Uma maravilha!
Antes de chegar a Darvaza paramos para ver duas outras crateras, uma cheia de água e outra de lama. O ambiente está impecável, místico, com uma espécie de névoa de final da tarde e vento. O frio começa a chegar. Afinal de contas é o deserto e por mais calor que faça durante o dia, à noite reina o frio.
Chegamos por fim. Fico algo desapontado. As chamas são mais modestas do que pensava e do que se vê em algumas fotos. Penso que são mesmo menores do que no passado. Mas é ainda uma visão notável.
Há também mais turistas do que esperava. O nosso grupo, o outro grupo da companhia e mais dois ou três grupos de outras empresas de turismo. Para além de uns poucos independentes ou em visitas privadas.
O jantar foi pela primeira vez agradável. Simples mas saboroso e com um ambiente de camaradagem, com boa conversa e descontração. Para dormir, uma espécie de yurt, onde dormi muito melhor do que esperava.