18 de Fevereiro de 2025

Pela frente haveria hoje uma longa viagem. 270 km, atravessando montanhas e com um piso nem sempre nas melhores condições e a adicionar a isto, as barreiras policiais. Seria na prática o dia inteiro, considerando a pausa para almoço e uma ou outra paragem à beira da estrada para descontrair um pouco e tirar umas fotografias.

Primeira paragem na praia logo à saída da cidade. Para despedida do mar, antes de rumarmos ao interior e às cordilheiras montanhosas. Ao longe um barco sai para o ganha-pão diário.

Desta vez a escolta policial segue à frente e num carro próprio. Nem os vemos. É uma mera pró-forma. Vamos a um bom ritmo, seguindo a viatura azul da polícia, que nos acompanhará até ao limite do distrito. Neste troço não dará para paragens.

 

A última barreira no distrito de Al-Mukalla foi complicada. Uma das senhoras do nosso grupo saiu do carro para esticar as pernas e, azar dos azares, juntaram-se dois factores para conduzir à desgraça: primeiro, não tinha a cabeça coberta com o lenço, segundo, o graduado de serviço era algo conservador. Resultado: berraria e tensão. Note-se que nunca ninguém, entre civis e polícias, tinha reagido assim nos momentos em que as senhoras se distraiam com a coisa dos lenços.

A coisa resolveu-se, lá seguimos, desta vez sem escolta policial. Tinha-se feito um arranjo para apressar a viagem, senão teríamos que esperar sabe-se lá quanto tempo pela chegada dos novos agentes.

Na travessia das montanhas parámos de novo na barraquinho dos cocos. Comprei umas guloseimas, uma caixa de Turkish delights por uma pequena fracção do seu preço em Istambul.

Foi um dia longo, não especialmente agradável. Muita estrada, nada para ver, nada. Uma paragem aqui e acolá, umas vezes a pedido nosso outras por sugestão do Jamal. Como a dos camelos.

À beira da estrada um moinho de tração animal, movido por camelos, já se vê. Na verdade dois moinhos. Cada um movido por um camelo, que faz rodar o engenho enquanto anda às voltas, de olhos tapados para não ficar tonto.

O almoço foi delicioso como sempre, tomado num restaurante para viajantes, simples, local, de sentar no chão, apesar da mesa ter sido posta para os mais intransigentes.

Pela tarde dentro rolámos. Vimos um rio de águas verde-esmeralda de onde se alimentava um palmeiral e algumas hortas.

Depois caiu o dia, o entardecer foi passado ainda na estrada. Já era de noite quando chegámos ao hotel para pernoitar. O dia seguinte não existiria enquanto tal. Seria uma jornada de muitas horas, de manhã até bem depois do pôr-de-sol, a acabar já junto à fronteira.

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