12 de Março de 2025

A manhã veio cinzenta e não demorou muito até se passar da cor das nuvens ao dilúvio africano. E agora, como chegar até à povoação e ao transporte para a cidade? Dois quilómetros sob esta chuvada seriam complicados, especialmente para o conteúdo da mochila.

O pequeno-almoço foi tomado com esta dúvida. Terminada a refeição e devolvida a chave do quarto, a espera com esperança. Podia ser que parasse. Mas não. Entretanto os meus ouvidos apurados captaram uma informação interessante: um casal de alemães, pessoas mais velhas, estavam à espera do transporte que tinham agendado. Então fui lá perguntar se por acaso podiam oferecer uma boleia até à aldeia. Podiam.

Veio a hora e a chuva não dava sinais de acalmar. Foi portanto uma grande ajuda. A ideia era mesmo ir só até Kizimkazi e ali apanhar o transporte público, até porque a viagem para baixo tinha sido tão divertida. Mas chegávamos à aldeia e estava-se tão bem naquela viatura confortável que acabámos por aceitar o convite para aproveitar a boleia mesmo até à cidade.

Foi uma viagem agradável, quase me dava para ronronar ali confortável e seco, com boa conversa com o alemão (a senhora só falava mesmo a sua língua nativa). Recolhi informações sobre Mombaça, que me cativaram e fizeram germinar o interesse em visitar aquela cidade queniana (no momento que escrevo já tenho bilhetes comprados para uma volta pela África Oriental, começando precisamente por Mombaça).

Quando nos aproximamos de Stone Town o céu clareia, o azul deixa-se ver. A chuva, essa, já lá vai, ficou para sul. O hotel dos nossos amigos é mesmo em frente ao porto, aliás, já o conhecíamos de vista. Combinamos trocar mensagens no Whatsapp para arranjar um encontro mais tarde mas infelizmente o número que me deram não estava registado.

Seguiu-se uma situação chata. Fomos a pé até ao alojamento reservado para estas duas últimas noites em Zanzibar, The Balcony House. Tinha este lugar debaixo de olho desde que há uns anos a Transavia me arruinou uma primeira tentativa de visitar a ilha, mudando-me os voos que fariam ligação. É barato e carismático, mas como veremos, ainda mais caótico.

A jovem e antipática recepcionista não sabia de nada, aparentemente o “nosso” quarto estava ocupado e o gerente não atendia o telefone e tinha saído. Esperamos, que ele há-de atender. Passa-se uma hora e depois mais um bocado. Com alguma pressão e ares de grande inconveniência a jovem vai ver os quartos e de facto estão ocupados. A paciência chegou ao fim. É pena porque queria mesmo ali ficar, e mais ainda depois de ter visto a localização e o terraço com uma vista fabulosa. Disse-lhe para esquecer, que ia arranjar outro lugar e para o dia seguinte o mesmo.

Telefonei ao anterior anfitrião e ficou tudo arranjado para pernoitar por lá. Já estava o quarto disponível e a simpática Queen entregou-nos a chave. Foi aquela sensação de regresso a casa.

Já não se fez muito mais naquele dia. Passeio pelas vielas de Stone Town, sempre interessantes, mas já com poucos segredos após tanto calcorrear. Depois, cansados e sofrendo com o calor intenso, um merecido repouso no quarto antes de sair para jantar, pouco antes do pôr-de-sol. Voltamos ao maravilhoso Homebase, aquele restaurante com um carácter bem local onde se come bem, observam-se pessoas e paga-se muito pouco. Sempre a apontar para aparecer quando se dá a chamada para a última oração do dia para apanhar uma mesa livre.

 

 

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