Este foi um daqueles dias que sucedem quando se está em viagem, a que que chamo de “baixa intensidade”. Faz-se pouco, anda-se pouco, enfim, um fenómeno de descompressão que surge espontâneamente. Acordámos já um pouco tarde. E junta-se a ronha do levantar e das pequenas rotinas matinais. Hoje havia Hockey, e era às 5 da tarde. Assim, fomos simplesmente dar uma volta pelas áreas residenciais deste lado do rio.

Toda a zona oferece uma qualidade de vida aos habitantes que não se encontra, por exemplo, em bairros portugueses do mesmo género, como os Olivais. Aqui, não se vêem grandes sinais de um urbanismo doentio: não há grafittis, nem equipamentos públicos vandalizados. Pelo contrário, toda a zona oferece uma sensação de bem-estar, talvez por ser Domingo e as pessoas se encontrarem na rua a apreciar os últimos dias de bom tempo. Há um canal de águas límpidas que atravessa este sector da cidade, rodeado por amplas áreas verdes. Há mais um lago artificial, e vêem-se alguns que ainda se aventuram a dar umas braçadas nas águas que já vão ficando frias. Diz-me o meu guia que no pico do Verão é complicado arranjar um lugarzinho nas margens do lago. Quanto aos prédios, uns encontram-se em certo estado de degradação, enquanto outros parecem estar de perfeita saúde. Diz-me o Saki que os habitantes do outro lado do rio chamam a toda esta parte de “A Selva de Betão”, e desafia-me a comparar as “manchas” de betão com os espaços verdes. De facto, a distribuição da construção é esparsa. Os blocos de apartamentos sucedem-se, não existe ocupação horizontal simples, mas por todo o lado dominam as grandes áreas relvadas, os pequenos parques, e os cursos de água.

Não muito longe, ladeando “A Selva de Betão”, encontram-se áreas de floresta, um pouco à semelhança do nosso Monsanto, com alguns trilhos abertos, que as pessoas usam para uma corridinha ou um simples passeio em contacto com a natureza. Os esquilos saltitam de árvore em árvore e passa um coelho em louca correria. Com tudo isto, o tempo escasseia. Temos que nos apressar. Há que ir ao apartamento, deixar a Nikon e recolher a pequena Canon. Já estamos atrasados, mas chegamos apenas três minutos depois do jogo se iniciar.

Quem joga é o Slovana Bratislava, a equipa dominante da liga eslovaca. Recebe o Skalice, que vem de uma pequena cidade, e que costuma andar pelas posições imediatas no campeonato. O recinto apresenta uma boa audiência. Dizem pelos “speakers” que se encontram cerca de 7 mil espectadores a ver o jogo. No fim, o Slovana ganhará por 3-1, exactamente o resultado que o Saki preconizou. O jogo acaba já de noite. Saimos uns segundos antes, e vamos dar a um beco nos bastidores do espectáculo. Finalmente encontramos uma saída para a rua, e vagueamos um pouco pelas ruas. É engraçado como de noite as ruas das grandes cidades são semelhantes; não se estando no centro, onde se encontram as marcas significativas, e estando as pessoas recolhidas em casa, as diferenças atenuam-se. Afinal, são as pessoas que fazem a diferença.

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