8 de Março de 2025
Depois de um tranquilo pequeno-almoço no terraço do piso superior, servido pela sempre sorridente Queen (sim, é mesmo o nome dela, a jovem e deslumbrante irmã do proprietário, talvez o nome à banda inglesa e às raízes de Freddie Mercury nesta cidade), seguimos para o segundo dia de exploração de Stone Town.
Começou-se pelo complexo da igreja catedral, que inclui a visita a uma antiga cela de trânsito de escravos e a uma exposição sobre esse tema. É de entrada paga e um local onde não me demorei muito tempo. O melhor foi o sumo natural comprado às senhoras que ali fazem o seu negócio, já à saída.
Depois, uma travessia de áreas menos turísticas, ruas periféricas, tranquilas, a caminho do arco português. Até aqui há traços da passagem do nosso povo. O arco está em excelentes condições e marca hoje a entrada para um pequeno parque público. Há ali uma placa explicando a origem do monumento.
Aproveito para espreitar um alojamento ali perto onde considerei ficar, cativado pelo charme da fachada e pelo nome sugestivo de Balcony House. No último dia no Zanzibar era mesmo suposto ser hospedado ali mas como veremos mais à frente as coisas não correram bem.
O objectivo seguinte era o palácio de Tippu Tip, um influente mercador e comerciante de escravos de meados do século XIX. A bonita residência encontra-se num estado de abandono avançado mas encontra-se guardado por um vigilante que não se faz rogado em mostrar o interior por 2.000 Schillings (cerca de 0,65 Euros). Vê-se que há trabalhos mínimos de manutenção a decorrer, mas concentrei-me nos detalhes daquela casa sumptuosa. Uma visita rápida porque não há muito sumo para espremer, mas mesmo assim foi tempo bem empregue.
Segue-se a passagem por uma das ruas mais turísticas de Stone Town. Ali cresceu Freddie Mercury, num edifício sem alma, entalado hoje entre lojas de recordações para turistas. É uma rua a sério, com trânsito e asfalto, um oásis para os viajantes que vêm para um Zanzibar de praia e sentem a necessidade de pagar a um local para entrar na verdadeira Stone Town, dos becos e ruelas e cantos escuros.
Mais adiante, quase por acaso, encontramos uma praça onde se reúnem alguns dos hotéis históricos, com as frontes viradas para o mar. Ali encontram-se meramente as entradas, o charme está do outro lado. Existe também uma mesquita, estátuas, monumentos. E sombras preciosas para o pico do calor.
Descobrimos uma passagem para o mar, uma entradita muito discreta que conduz a uma praia. Três gaiatos metem conversa, vendem os serviços de um bar restaurante existente numa plataforma fundeada a uns 200 metros da costa. Interessante. De facto a visão era tentadora e os preços que via no menu que esfolheava eram incrivelmente acessíveis para o ambiente que se prometia.
Então OK, sim. Vem logo um barquito a motor que sai da plataforma para nos recolher na praia. Uns minutos depois estamos a entrar, recebidos por uma musa negra de cabelo muito curto que nos apresenta ao espaço, mostrando a abertura para o fundo do mar, iluminada, deixando ver os peixes que por ali andam e se juntam para comer a mão cheia de migalhas que lhes arremessa. Depois deixa-nos à vontade para escolhermos um dos diversos espaços existentes. Todos eles personalizados, arranjados com detalhes preciosos.
Estava apenas uma outra mesa ocupada, da qual nos afastámos. O local é fabuloso. Tomámos uma bela refeição, bebi uma cerveja Kilimanjaro e depois um sumo natural. Ali pode-se ficar horas a fio, só a apreciar o ambiente, a vista para a orla costeira da cidade, os hóteis históricos de luxo e, do outro lado, o mar sem fim.
Passam embarcações de pesca, ao longe o ferry para Dar Es Salam promete uma ondulação que tarda a chegar à nossa plataforma. Mais tarde chegam dois casais de jovens turistas alemães. A plataforma pode ser usada como praia, com belos mergulhos para a água seguidos de uma doce descontração numa rede ao sol. Enfim, uma grande refeição e um final de tarde inesperado.
Houve ainda tempo para entrar no antigo forte, cujo interior é um terreno baldio onde se alinham barraquinhas que vendem artesanato. Não há muito para ver para além de observar o ambiente e os comerciantes.
O pôr-de-sol é agora, e para isso dirigimo-nos para o passeio marítimo. O espectáculo de véspera repete-se, há muito para ver. Já somos velhos conhecidos dos vendedores de passeios de barco. Cumprimentos aqui e acolá. Um pai passeia com o filho pela areia da praia.
Um breve período de descanso no quarto antes de uma saída nocturna para jantar. Desta vez não visitamos o amigo nigeriano. Vamos a uma tasca que tinha visto e tomado nota mental: Home Base. Que maravilha! Uma aposta ganha! Um ambiente totalmente local. Genuíno. Comida simples mas deliciosa, verdadeira gastronomia local. E um jantar por menos de 2 Euros. Recomenda-se ir à chamada para a última oração, porque existe uma mesquita mesmo em frente e torna-se assim fácil de encontrar uma mesa livre e ter um atendimento rápido.