Gostei de Tozeur. Gostei de tudo. Ainda tem um tamanho considerável, mas o vibe é de vila. É animada, mesmo em época de Ramadão. É diferente sem o ser, nem sei bem explicar. É uma mancha de vida rodeada de deserto. Uma cidade sem nenhuma localidade significativa em seu redor. E uma bela base para visitar uma série de coisas interessantes na região.

O pequeno-almoço foi agradável, não fosse o homem só que sendo a única companhia para a refeição tossia desalmadamente. Não é preciso recordar que ainda estamos em época COVID e estas coisas angustiam para além do racional.

Uma porta de Tozeur

Para o preço pago pelo alojamento o pequeno-almoço esteve até muito bem, farto, com alguma variedade e a maioria das coisas à discrição.

O plano para a manhã era a visita a um dos locais onde foi filmado o filme Star Wars e depois uma passagem por uma pequena localidade tida como interessante, de seu nome Naftah (ou Neftah).

O carro ainda lá estava, sem um risco. Isto de carros alugados causa-me sempre alguma ansiedade, porque o mínimo dano pode custar muito caro.

Local das filmagens Star Wars

E a caminho, bem disposto, a rolar pela manhã, com um dia azul e uma temperatura agradável. Para trás ficaram os dias cinzentos. Daqui para a frente a luz será sempre assim.

O troço até Neftah é pacífico. Estrada larga, rápida, pouco trânsito. Depois passou ao lado da localidade e sigo para o local das filmagens. Nem um carro. Depois, cruzo-me com um jipe que vem de regresso. E mais nada.

Entre Neftah e o local das filmagens, pastoreio de dromedários de mota

Há uma dificuldade: os ventos empurram areias para o asfalto e logo se começam a formar dunas, mesmo ali, no meio da estrada. Algumas são insignificantes, outras já colocam alguns problemas. E uma é intransponível.

Felizmente a administração local sabe disso e no local encontra-se uma máquina a solucionar a situação. Lá passo.

Chegando ao local, logo dois moços vêm tentar fazer algum dinheiro, seguidos de um homem mais maduro que pretende ser guia – não sei bem do quê – e ainda mais um. Esclarecidas as coisas, deixam-nos em paz. Local fascinante, ali tiro muitas fotografias antes de dar a visita por terminada.

Uma pequena mesquita no centro histórico de Neftah

Agora é regressar. Um percurso rápido até Neftah. Carro estacionado e para dentro da pequena medina.

Os recantos de mais interesse teimam em aparecer. As ruas parecem-me banais, desinteressantes. Mas depois de muito procurar apanho o filão. E aí sim, revela-se-me uma cidade antiga fascinante.

Mulheres em Neftah

Há uma praça, com um hotel que parece desajustado para a cidade, demasiado grande. Em redor, arcadas, com lojas, a maioria delas encerradas. Mais à frente o principal centro de comércio. Casas antigas, pintadas de cores vivas. Agora sim, vejo que a visita à cidade não foi tempo perdido. Mas está no fim, é hora de regressar ao carro.

Fazemos o caminho de regresso a Tozeur. Até agora o dia tem sido em cheio. Vamos agora em busca da parte antiga de Tozeur.

Um recanto de Neftah

Decido deixar o carro ao pé da estação de comboios. Tinha conduzido até lá porque queria dar uma vista de olhos e afinal o carro fica muito bem à sombra debaixo de umas árvores e não estamos assim tão longe da medina.

Fiz bem em vir até aqui. A estação é de facto encantadora. O senhor que lá trabalha tem a mota parada em frente ao edifício, mas vendo o turista tirando fotos logo se oferece para a mover. Muito simpático.

Estação de comboios de Tozeur

É um momento agradável. Um cantinho sossegado numa cidade movimentada. Aproveitamos para relaxar um pouco à sombra, do lado dos carris.

Uma vez recuperadas as forças, a pé para o centro. E acontece exactamente o mesmo que em Neftah. O charme demora a aparecer mas por fim surge. Não é imediatamente evidente, torma-se necessário procurar, explorar as vielas sem interesse para encontrar as partes mais bonitas e atmosféricas do centro histórico.

Aqui, como em Neftah, há múltiplos túneis, passagens sombrias, criadas intencionalmente. de forma magistral, para ventilar as ruas, arrefecendo-as. Estas passagens são tradicionalmente locais de reunião da comunidade, há bancos de pedra, é ali que as pessoas se juntam nos dias de calor, e ficam à conversa, com um fresco sempre apreciado.

Encontrámos uma casa de chá aberta, situação excepcional em temos de Ramadão, até porque não parece haver muitos turistas… nenhuns turistas. É verdade que deu algum trabalho encontrar as pessoas que lá trabalham, mas lá conseguimos pedir uns sumos frescos. Um bocadinho de repouso antes de retomar a exploração do bairro antigo de Tozeur e antes de regressar ao carro, enquanto o calor começa verdadeiramente a apertar.

Uma mesquita no centro histórico de Tozeur

Regressamos ao hotel por volta das 14:30, é preciso aproveitar o sossego da tarde, quando a cidade se encontra dormente. Depois do sol posto tudo se intensifica, a vizinhança sai à rua, o trânsito é imenso, o barulho é incrível.

Não se passará muito mais neste dia, já bem preenchido. Será para descansar. Tomo um duche, leio um bocado. E ainda tenho oportunidade de ver um pôr-de-sol magnífico desde o terraço do hotel.

 

 

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